A acusação expôs que o cabo escreveu uma mensagem em um grupo de Whatsapp que mais parecia uma carta de despedida.
O motim protagonizado por centenas de policiais militares no
Ceará está prestes a completar cinco anos. Enquanto isso,
agentes permanecem recebendo sentenças pelo fato. Na última quarta-feira (5),
foi condenado um cabo, que na época do ocorrido pertencia ao efetivo da
Assessoria de Inteligência (Asint) da PMCE.
Francisco de Assis Feitosa Filho foi
condenado por participar e incitar o motim, além do crime de revolta. Somadas,
as penas chegam a seis anos e 10 meses de reclusão, "cumprido inicialmente em regime semiaberto". O acusado foi
absolvido pelo crime militar de omissão de lealdade, "por não ter prova do
acusado ter concorrido para o crime e por não existir prova suficiente para a
condenação", segundo o juiz da Auditoria Militar do Ceará. O magistrado também decretou a perda da
graduação do agente.
MENSAGEM NO WHATSAPP - De acordo com a
denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE), no dia 25 de fevereiro de 2020,
Francisco de Assis "pertencente ao efetivo da Assessoria de Inteligência
da PMCE (ASINT), resolveu aderir ao movimento paredista que ocorria no estado
do Ceará... que se iniciou com um motim para depois se transformar em uma
revolta dos policiais militares que armados se aquartelavam em unidades
militares".
A acusação expôs que o cabo escreveu uma mensagem em um grupo de WhatsApp
que mais parecia uma carta de despedida. O intuito do texto era "de
despertar nos leitores a ira subversiva que o motivou a participar do movimento
criminoso que ganhava densidade, contando já com um vultoso número de quartéis
invadidos por policiais militares rebeldes, em todo o estado cearense, sendo o
mais conhecido, o do 18º BPM, localizado no bairro Antônio Bezerra, nesta
capital".
"A mensagem do denunciado era direcionada aos 'irmãos da Inteligência'
e consignava, em resumo, que era do conhecimento do grupo que ele, cabo Assis,
tinha sido filmado no 18ºBPM e que por esse fato, tomou ciência de como era
visto pelos demais colegas de tropa, ou seja, como um "X9" ou "traidor", já que
trabalhava na ASINT, e então tomou a difícil decisão de fazer parte do
movimento, depois de pedir orientação a Deus e a sua família"
Conforme o órgão acusatório, o cabo era um infiltrado na Inteligência,
porque na época do motim levou "informações privilegiadas para os rebeldes
que se aquartelavam em unidades militares espalhadas pelo estado
cearense".
Ainda segundo o MP, o denunciado "para se furtar de prestar
depoimentos junto à Polícia Judiciária Militar, apresentou atestado médico e
depois licença para afastamento do serviço".
Quando interrogado, Francisco apresentou outra versão. Ele disse que a sua
mensagem era em repúdio ao ocorrido em Sobral, ataque que teve como vítima o
senador Cid Gomes e "que houve uma manipulação e edição da mensagem".
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