Entre os suspeitos, estão um ex-pastor evangélico, que já tinha sido condenado por roubo, e um jovem de 23 anos que não tinha passagem pela Polícia.
Francisco Márcio Freire, Francisco Teodósio Ramos Neto e
Jardson do Nascimento Silva tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça
A Justiça Estadual
decretou a prisão preventiva dos três suspeitos de cometerem um latrocínio (roubo seguido de morte) contra a
estudante Natany Alves Sales, de 20
anos, em Quixeramobim, no Sertão Central do Ceará, no último domingo (16).
Entre eles, estão um ex-pastor
evangélico, que já tinha sido condenado por roubo, e um jovem de 23 anos
que não tinha passagem pela Polícia.
O crime causou grande repercussão no
Estado. A estudante de Química foi raptada pelos criminosos, no Centro da
cidade, no domingo (16), e teve o corpo encontrado horas depois, em uma estrada
no Município de Banabuiú.
A Defensoria Pública Geral do Ceará, que realizou a defesa de Francisco Márcio
Freire, Francisco Teodósio Ramos Neto e Jardson do Nascimento Silva, pediu à
Justiça pela concessão de liberdade provisória do trio, com aplicação de
medidas cautelares - como monitoramento por tornozeleira eletrônica e
recolhimento domiciliar noturno.
Confira o perfil dos suspeitos
Francisco Márcio Freire - natural de Quixadá,
43 anos. Apresentava-se como "pastor
evangélico", participava de cultos e era compositor de músicas
evangélicas, pelo menos, até o ano de 2020. Na época, também participava de
ações sociais, conforme fotografias e vídeos publicados nas redes sociais.
Entretanto, antes de ingressar no mundo religioso, Márcio foi preso e terminou
condenado por um roubo, cometido em 2005. Ele também responde a um processo por
violência doméstica.
Ao ser interrogado pela Polícia Civil do Ceará (PCCE), o suspeito afirmou que
ele e os outros dois homens "passaram a madrugada (de domingo) na
Rodoviária de Quixeramobim, consumindo drogas" e que, "na manhã do
domingo, começaram a planejar um assalto, tendo em vista uma dívida que o
depoente possuía".
A vítima teria sido
escolhida aleatoriamente. "Que no interior do veículo, os criminosos
aplicaram pressão psicológica sobre a vítima, exigindo que ela não gritasse por
socorro; que o depoente afirmou que tentou tranquilizá-la, alegando que apenas
iriam assaltá-la e que nada de pior aconteceria". Porém, no meio do
trajeto, Márcio afirmou que o trio decidiu abandonar a jovem feita refém e o
carro, na localidade de Laranjeiras, em Banabuiú. "Que chegando ao local,
o depoente desceu do carro e atravessou a cerca junto com a vítima; que nesse
momento, a mulher teria se abaixado repentinamente, pegado uma pedra e o
atingindo na cabeça".
Francisco Márcio Freire cantava nos cultos e era compositor
de músicas evangélicas
"Que, em seguida,
derrubou a vítima no chão; Que segundo seu relato, após essa ação, afirmou para
os comparsas que não faria nada com a vítima e que a deixaria no local; Que
então, ele retornou para o carro, pulando a cerca, e seguiu em direção ao
veículo. Que ao olhar para trás, percebeu que Francisco (Teodósio) permaneceu
no local, enquanto Jackson do Nascimento Silva vinha em sua direção. Jackson,
ao se aproximar, teria afirmado que Francisco era um psicopata, pois havia
matado a vítima".
A Defensoria Pública alegou, no pedido de liberdade à Justiça, que Francisco
Márcio "é pai de 6 filhos menores de idade, sendo um deles portador de
deficiência, que dependem de seus cuidados", "é primário e sem
antecedentes criminais" e "colaborou com as investigações, indicando
inclusive o local onde estava o corpo da vítima".
Francisco Teodósio Ramos Neto - natural de Fortaleza (mas tinha residência em Limoeiro do Norte), 43
anos. Segundo a Defensoria Pública, responde a uma denúncia pela Lei Maria da
Penha (violência doméstica).
Ao ser interrogado pela Polícia Civil, contou que, "na manhã do dia do
crime 16/02/2025, o indivíduo de nome Márcio afirmou que providenciaria um
transporte para levá-los para Quixadá. Que o depoente afirmou que acreditava
que seria um transporte comum, como um ônibus ou outro meio convencional. No
entanto, ao observar a movimentação na rodoviária, percebeu que um dos
comparsas de nome Márcio abordava uma mulher dentro de um veículo, anunciando
um assalto".
Teodósio admitiu que, "durante o trajeto, a vítima foi submetida a ameaças
e pressão psicológica, sendo constantemente advertida a não pedir socorro; Que
o condutor do veículo chegou a simular que colidiria o carro caso a vítima
tentasse qualquer reação, inclusive quebraram seu telefone celular e jogaram
fora".
Segundo o preso, Márcio parou o veículo e levou a jovem para o matagal.
"Que em seguida, Marcio a conduziu até um ponto mais afastado, onde o
outro suspeito Jardson foi, após a garota começar a gritar; Que o depoente
relatou que permaneceu no carro, pois estava sob efeito de álcool e drogas.Que
momentos depois, os dois suspeitos retornaram ao veículo em estado de
nervosismo, demonstrando desespero, e exigiram que o grupo deixasse o local
rapidamente; Que o depoente percebeu que algo grave havia acontecido, mas
somente mais tarde constatou que a vítima havia sido assassinada".
A Defensoria Pública
alegou, no pedido de liberdade à Justiça, que Francisco Teodósio "tem
apenas um registro criminal anterior (Lei Maria da Penha)" e "nega
participação direta na morte da vítima".
Jardson do Nascimento Silva - natural de Russas, 23 anos, informou à Polícia que trabalhava como
servente. Não tinha antecedentes criminais.
Ao ser interrogado pela Polícia Civil, Jardson revelou que "Francisco
Márcio teve a ideia de roubar o carro da mulher e os outros dois concordaram,
sendo de comum acordo entre os três".
Segundo o suspeito, Márcio desceu do carro com a jovem e os dois pularam uma
cerca. "Que, escutou a mulher gritando e o interrogando e Francisco
Teodósio pularam a cerca para verificar o que está acontecendo".
Na versão dele, "quem finalizou a mulher foi Francisco Teodósio" e
"o interrogando e o Francisco Márcio não concordaram em matar a mulher, somente
com o roubo do veículo".
A Defensoria Pública alegou, no pedido de liberdade à Justiça, que Jardson
Silva "é jovem, com apenas 23 anos de idade", é "primário e sem
antecedentes criminais" e "não participou diretamente da execução do
crime".
A Justiça decidiu pela manutenção da
prisão dos três homens. Eles permanecerão encarcerados à disposição do Poder
Judiciário.
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