A defesa do acusado disse que a prisão é ilegal e que “a
verdade será demonstrada”
José Lourinho foi preso em flagrante no último dia 24 de
fevereiro
O advogado José Lourinho Coelho, preso por extorsão em Quixeramobim, agora é réu na Justiça cearense. O
Ministério Público do Ceará (MPCE) denunciou José Coelho na última terça-feira
(11) e, no dia seguinte, a Justiça aceitou a acusação, considerando que a
denúncia "preenche todos os
requisitos legais... havendo indícios de autoria e evidências".
Conforme a acusação, José Lourinho foi procurado por uma jovem, que disse ter
sido vítima de abusos e, ao invés de notificar as autoridades sobre o caso,
entrou em contato com o suposto autor do crime sexual para extorqui-lo:
"consta no procedimento policial que o denunciado constrangeu, mediante
grave ameaça e em violação de dever inerente à profissão, com intuito de obter
para si, ou para outrem, indevida vantagem econômica".
A defesa do réu entende que a prisão é ilegal, "uma vez que além de não
observar as prerrogativas legais da profissão, não existem requisitos para a
manutenção da preventiva.
A Ordem dos Advogados do Brasil - Secção Ceará (OAB-CE) disse em nota que
"através da Diretoria de Prerrogativas e do Centro de Apoio ao Advogado,
está acompanhando e apurando todos os fatos para garantir a legalidade da
prisão e também que o acusado tenha assegurado o direito à ampla defesa e ao
contraditório, bem como à sala de Estado-maior.
PRISÃO EM FLAGRANTE - Segundo a denúncia,
José Lourinho foi preso em flagrante no último dia 24 de fevereiro, quando se
preparava para receber o valor restante dos R$ 20 mil exigidos por ele em troca
de não denunciar o suposto autor do estupro. A suposta vítima de estupro, de
nome preservado, contou à Polícia ter procurado José Lourinho, na companhia da
mãe, para pedir orientações, alegando ter sido vítima de violência sexual e
querendo processar o autor dos abusos.
A jovem disse que o advogado perguntou se ela "queria o homem na
cadeia ou algum tipo de indenização pelo ocorrido", tendo ela respondido que
queria uma medida protetiva e uma indenização, mas não queria ver o homem
preso.
Conforme depoimento da vítima, o advogado teria prometido a ela que
resolveria a situação. Depois disse à menina que tinha acertado com o suspeito
o valor dos honorários dele e que repassaria a ela esses R$ 5 mil, mas em troca
precisaria que ela assinasse um termo para dizer que a relação sexual tinha
sido consentida.
A vítima disse ter
assinado o termo chorando, "que estava muito triste, mas que os R$ 5 mil
lhe ajudaria nos estudos". O advogado suspeito também teria ameaçado a
cliente que se ela procurasse a delegacia depois, ela e o autor do suposto
estupro seriam presos.
VERSÃO DO SUSPEITO - O advogado José
Lourinho teria dito aos policiais que seu primeiro contato com o caso foi
quando recebeu ligação de uma provável cliente perguntando se ele trabalhava em
casos de crimes sexuais, mas que a conversa foi curta e ele a orientou buscar
atendimento no escritório.
Segundo o advogado, pessoalmente, ele ouviu o relato da jovem acerca do
abuso e orientou ela a procurar uma delegacia. Em paralelo, José disse ter ido
falar com o suspeito do abuso para dizer que a jovem tinha o procurado
"dando a entender que (ela) queria dinheiro para não denunciá-lo".
Neste momento, segundo o advogado, o suspeito pediu que ele oferecesse à
vítima R$ 5 mil para que ela fizesse um tratamento psicológico, negando ter
exigido algo para si.
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