quarta-feira, 30 de abril de 2025

Açude Orós, que sangrou após 14 anos, também envia água ao Castanhão - Veja como ocorre

 Mais de 100 km separam os dois principais responsáveis pelo abastecimento do Ceará

Vista lateral do sangradouro do açude Orós, cheio em abril de 2025

O maior e mais importante rio do Ceará, o Rio Jaguaribe, tem em seu caminho dois reservatórios gigantes: o Castanhão e o Orós. Este último, segundo maior do Estado, voltou a sangrar após 14 anos no dia 26 de abril e contribui diretamente para o abastecimento do maior.
A água do Orós é levada ao Jaguaribe por meio de um sistema construído e, a partir dele, também chega ao maior açude do Estado, o Castanhão. Os dois reservatórios também são o primeiro e terceiro maiores do Brasil, respectivamente. Essa transferência de água ocorre constantemente, desde que o Orós não chegue ao volume morto, mas quando ele está com alto volume, transbordando, há um incremento na quantidade desse envio.
Atualmente, o Orós envia 793 litros por segundo para perenizar o rio (tornar permanente), de acordo com o Portal Hidrológico da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh).
O Jaguaribe é um rio temporário e costuma secar em períodos de estiagem. Portanto, depende de obras hidráulicas para permanecer correndo ao longo de todo o ano. O curso d’água nasce numa região entre os municípios de Tauá e Parambu e recebe recarga de diversos afluentes, como o Trici, o Jucás, o Bastiões e o Trussu.
No entanto, a água não fica represada no Orós (cuja capacidade é de 1,9 bilhão de metros cúbicos). Durante o ano todo, desde a década de 1980, uma válvula dispersora direciona a água do reservatório para o leito do Jaguaribe.
Assim, a válvula do Orós pereniza o rio Jaguaribe em mais de 100 quilômetros, até chegar ao gigante cearense, o Açude Castanhão, capaz de armazenar 6,7 bilhões de metros cúbicos de água. Atualmente, ele está com 30% do volume total (cerca de 2 bilhões de m³).
O Orós foi o sexto açude da bacia do Alto Jaguaribe a verter em 2025, comprovando boas chuvas na região. 70 MIL pessoas são beneficiadas pela sangria do Orós, conforme a Cogerh.

VÉU DE NOIVA - A válvula dispersora que destina a água para o Jaguaribe é também conhecida como “véu de noiva”, pelo formato dos jatos que se assemelha a uma grinalda. Além de liberar o recurso para o rio, as bombas têm função ecológica porque retiram águas profundas do açude, impedindo o acúmulo de resíduos e favorecendo a oxigenação.
Além de utilizar o véu de noiva, o açude desempenha um papel estratégico no abastecimento de três hidrossistemas da região: Orós–Feiticeiro, Orós–Lima Campos e Orós–Jaguaribe, essenciais para o fornecimento de água para consumo humano e irrigação, geralmente por adutoras e canais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário