Depoimentos impactantes fortalecem suspeita de que organização criminosa teria atuado na campanha de Carlos Roberto Costa Filho nas eleições de 2024, afirma advogado - Justiça decreta sigilo das oitivas.
Uma audiência de instrução realizada na última quarta-feira
(9) colocou a cidade de Iguatu no centro de uma das mais graves denúncias já
registradas na política local. No processo movido pela Coligação
Pra Mudar Iguatu, tramita na Justiça Eleitoral uma investigação que apura a
suposta atuação de uma facção criminosa para favorecer o grupo político
liderado por Carlos Roberto Costa Filho,
eleito prefeito em 2024.
A ação, ajuizada por uma coligação formada por partidos como Republicanos, MDB,
Solidariedade e a Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV), investiga os
crimes de abuso de poder político e econômico com possível suporte de
estruturas criminosas durante o processo eleitoral.
A audiência, conduzida pelo juiz
eleitoral Carlos Eduardo Carvalho Arrais, reuniu o Ministério Público
Eleitoral, representado pelo promotor Leydomar
Nunes Pereira, além de advogados das partes envolvidas. Ao todo, oito
testemunhas prestaram depoimento - algumas presencialmente, outras por
videoconferência.
Entre os pontos mais polêmicos da sessão
está o depoimento do delegado Wesley Alves de Araújo, cuja participação foi
contestada pela defesa dos investigados, mas mantida pelo juiz como válida para
valoração posterior. O conteúdo de sua
oitiva, no entanto, ficará sob sigilo, assim como as demais gravações da audiência,
por decisão judicial.
Segundo o advogado da coligação autora, Pedro Neto, os depoimentos foram “detalhados e precisos”, apontando para
a existência de uma ligação direta entre membros da campanha vencedora e
figuras ligadas ao tráfico de drogas. Uma das testemunhas, Natanael Alves da Silva, afirmou que materiais de campanha foram
distribuídos com o apoio de pessoas associadas à organização criminosa.
Outro nome citado foi o de Thiago Oliveira Valentim,
conhecido como “Thiago Fumaça”, que seria peça-chave na
teia de conexões entre o crime organizado e a política local. Dois celulares
apreendidos com ele na operação “Tempestade
I” serão periciados, e o juiz determinou prazo de 15 dias para que o
Departamento de Inteligência da Polícia Civil entregue os relatórios técnicos
com os dados extraídos dos aparelhos.
A defesa dos investigados tenta, sem
sucesso até o momento, desqualificar a legitimidade do processo. Um dos
argumentos, rejeitado pelo juiz, foi a alegação de que esta AIJE deveria ser
unificada com outro processo já julgado, o que foi rechaçado com a
justificativa de que não há relação jurídica ou fática que justifique essa
união.
A população aguarda com atenção os
próximos passos. A depender das provas reunidas, o desfecho pode incluir a
cassação do mandato de Carlos Roberto Costa Filho e de seus aliados, caso se
confirme o uso de meios ilícitos para interferir no resultado das eleições.
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