Cardeal Angelo Becciu junto com Papa
Francisco
Lutando desde a morte do Papa Francisco para participar do conclave, o
cardeal Angelo Becciu decidiu renunciar da sua participação do ritual da
escolha do próximo pontífice. Ele tomou a decisão nesta segunda-feira (28),
após uma reunião na Congregação Geral da Santa Sé. A informação foi divulgada
pelos jornais italianos.
Para decidir a questão, o cardeal Pietro
Parolin, que irá presidir o conclave, teria mostrado a Becciu um texto
assinado pelo Papa aprovando a escolha de não deixá-lo entrar na votação. Por
isso, Angelo percebeu que teria que
bater de frente com uma decisão do pontífice e concordou em desistir 'para o bem da Igreja'.
Mais cedo, o porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, afirmou que houve uma
discussão entre os cardeais sobre a participação de Angelo Becciu, demitido
pelo Papa Francisco por condenação de fraude, no conclave. Segundo ele, uma
decisão ainda seria tomada.
Uma das maiores tensões para o conclave, que ocorrerá em 7 de maio, era sobre a
participação ou não do Cardeal Giovanni Angelo Becciu, após esse ter perdido os
direitos e privilégios do cargo por banimento do Papa Francisco. Apesar disso,
ele quer participar do processo.
Becciu foi condenado por fraude e peculato
a cinco anos de prisão em 2023. O motivo foi um rombo de quase 140 milhões
de euros nas finanças do Vaticano pela compra de um edifício de luxo em Londres. Ele foi o primeiro cardeal a receber
sentença por um tribunal criminal da Santa Sé.
Ele sempre alegou inocência e também entrou com um recurso sobre o caso,
que está em análise. Com isso, o cardeal segue autorizado a morar em um
apartamento no Vaticano enquanto o processo estiver em andamento.
Giovanni exigia estar na lista oficial de cardeais que irão participar do
conclave e poderão votar ou serem votados. Ele nunca foi removido diretamente
do Colégio Cardinalício e, por isso, pode participar das discussões
pré-conclave.
O cardeal era uma das pessoas mais poderosas no Vaticano, chegando a ocupar
o cargo de substituto na Secretaria de Estado da Santa Sé, o que equivale a um
chefe de gabinete do Papa. Com isso, ele tinha acesso direto a Francisco. Seu nome era um dos cotados também para se
tornar pontífice.
Definição do conclave - Após uma reunião nesta segunda-feira (28)
para definição dos próximos passos para a realização dos ritos, os cardeais que
irão participar do processo de seleção do novo pontífice definiram que o
conclave irá começar no dia 7 de maio. O anúncio foi feito pelo Vaticano.
De acordo com a Santa Sé, será realizada uma missa pela manhã e a votação
será aberta no período da tarde.
Tradicionalmente, a votação ocorre entre 15 e 20 dias após a morte do Papa
anterior. Ou seja, ele iniciaria entre os dias 6 e 11 de maio. Por isso, a data
escolhida esteve entre esses dias. Segundo o Vaticano, a data escolhida foi o
segundo dia previsto.
A expectativa é que o conclave seja curto, assim como foram os últimos, que
duraram dois dias.
O local usado para essa votação é a Capela Sistina, que agora está fechado
desde essa segunda (28) justamente para os preparativos ao conclave.
Quantos cardeais estarão
presentes - No total, 135
cardeais estão aptos a votar por terem menos de 80 anos. São 252 cardeais
católicos no mundo, mas 117 estão acima dessa idade e não poderão nem votar e
nem serem votados no processo.
Desse total, sete são brasileiros. O país é o terceiro com mais cardeais
participantes, atrás apenas da Itália e dos Estados Unidos.
Veja a lista de brasileiros que
irão participar do conclave
Cardeal Dom Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília
Cardeal João Braz de Aviz, arcebispo emérito de Brasília
Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo
Cardeal Jaime Spengler, de Porto Alegre, atual presidente da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
Cardeal Sérgio da Rocha, arcebispo de Salvador
Cardeal Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro
Cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus
Desses, apenas Odilo Pedro Scherer já participou da votação para
eleição do novo Papa anteriormente, justamente na de 2013, quando Francisco foi
escolhido. Todos os outros estarão pela primeira vez.
Como acontece a votação - Um cardeal precisa receber dois terços dos
votos para ser eleito. Ou seja, em relação aos cardeais presentes, esse número
precisaria ser de 91. As indicações, secretas, são queimadas após a contagem.
Até quatro votações podem ser feitas por dia, sendo duas pela manhã e
outras duas à tarde. Se, depois do terceiro dia de conclave, a Igreja ainda não
tiver o novo Papa, começa uma pausa de 24 horas para orações. Outra, por igual
período, também pode ser convocada se houver mais sete votações sem um eleito.
Já quando a indicação do novo pontífice é fechada, a Igreja, então,
questiona formalmente se ele aceita o cargo. Se o religioso aceitar, deve
escolher um novo nome. Na sequência, é levado para o ambiente chamado de 'Sala das Lágrimas', no qual traja as
vestes papais.
No final do processo, o novo Bispo de Roma é anunciado aos fiéis na Praça
de São Pedro e apresentado na sacada da Basílica. É de lá que é proclamada a
frase: 'Habemus Papam'.
O que é a 'Sé Vacante' - Com a morte do Papa Francisco, a Igreja
Católica passa pelo período chamado de 'Sé vacante', fase em que fica sem um
líder e quando o clero se reúne para a escolha do novo pontífice. A expressão
Sé Vacante vem do latim e significa 'Trono
Vazio'. Neste período, o governo da Igreja Católica fica a cargo do
carmelongo, que administra os bens e o Tesouro do Vaticano.
O ocupante do posto também tem a responsabilidade de organizar o Conclave,
a eleição para escolha do substituto, que, pelas normas católicas, precisa
começar em até 20 dias após a morte do Papa.
O nome da votação também tem origem no latim e quer dizer "fechado à chave". Durante os dias
do conclave, cardeais elegíveis do mundo todo ficam fechados no Vaticano, em um
juramento de segredo absoluto sobre o procedimento. No momento, o carmelongo é o cardeal irlandês Kevin Joseph Farrell.
Durante seu governo, é o Colégio dos Cardeais que precisa discutir os
assuntos mais urgentes da Igreja Católica.
O grupo não pode fazer mudanças profundas na Igreja ao longo da Sé Vacante,
como alterar as leis determinadas pelos papas.
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