Próximo Pontífice terá papel de orientar a Igreja em uma época de grandes desafios globais.
Cardeais se reunirão para escolher novo Papa
Com a morte do Papa
Francisco, a Igreja Católica agora se vê diante do processo de escolha de seu
novo líder, num ritual conhecido como conclave. O Colégio Cardinalício,
composto por cardeais de todo o mundo, é o responsável por eleger esse
sucessor, que assumirá o papel de orientar a Igreja em uma época de grandes
desafios globais.
Saiba quem são os possíveis sucessores de Francisco, segundo especialistas em
Vaticano:
Cardeal Pietro Parolin - Itália
Pietro Parolin, nascido
em 1955 em Schiavon, Itália, é o atual secretário de Estado do Vaticano,
ocupando o segundo posto mais importante na hierarquia da Santa Sé desde 2013.
Foi o primeiro cardeal nomeado pelo Papa Francisco, em 2013. Diplomata experiente,
Parolin ingressou no serviço diplomático da Santa Sé em 1986, aos 31 anos, e
serviu em países como Nigéria, Venezuela e México, além de atuar em negociações
sensíveis envolvendo China, Vietnã e Oriente Médio.
Ordenado sacerdote em 1980, Parolin é formado em Direito Canônico na Pontifícia
Universidade Gregoriana e é reconhecido como um articulador discreto e eficaz,
qualidades que o tornaram uma figura influente no Vaticano. Parolin fala
italiano nativo, inglês, francês e espanhol.
Parolin se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em abril de 2024,
durante sua visita ao Brasil.
Cardeal Matteo Zuppi - Itália
Cardeal Matteo Zuppi - Itália
Matteo Maria Zuppi,
nascido em 1955, em Roma, é arcebispo de Bolonha desde 2015 e também foi
nomeado cardeal pelo Papa Francisco, em 2019. Conhecido por sua postura
progressista e proximidade com o Pontífice, Zuppi é presidente da Conferência
Episcopal Italiana e membro da Comunidade de Sant'Egidio, um movimento católico
dedicado à paz e ao diálogo inter-religioso. Também foi o enviado especial do
Papa para o conflito na Ucrânia, tendo visitado Kiev, Moscou, Washington e
Pequim nessa função.
O cardeal é reconhecido por seu foco em questões sociais, como a inclusão dos
marginalizados e o cuidado com os pobres. Defensor de uma Igreja acolhedora e
ativa, ele também está à frente de esforços de reconciliação, como o diálogo
com a comunidade LGBTQIA+.
Cardeal Pierbattista Pizzaballa - Itália
Nascido em 1965, em
Cologno al Serio, na Itália, Pizzaballa é o Patriarca Latino de Jerusalém e foi
nomeado cardeal pelo Papa Francisco, em 2023. Como líder da Igreja Católica no
Oriente Médio, o italiano é frequentemente elogiado pelo trabalho em prol do
diálogo inter-religioso entre cristãos, judeus e muçulmanos. Embora mantenha
laços estreitos com líderes judeus, também tem sido um defensor vocal dos
palestinos durante o conflito em Gaza, tendo visitado o enclave no final do ano
passado.
Franciscano por formação, ele tem ampla experiência pastoral e administrativa,
tendo servido como Custódio da Terra Santa entre 2004 e 2016.
Cardeal Jean-Marc Aveline - França
Nascido em 1958, em
Sidi Bel Abbès, na Argélia, Aveline é o arcebispo de Marselha, na França. É
citado por alguns especialistas (sobretudo franceses) como o
"favorito" de Francisco a sucedê-lo, sendo considerado o mais
"bergogliano" dos bispos do país. Foi nomeado cardeal pelo Pontífice
em 2022, e é conhecido por sua dedicação a questões de imigração e diálogo
inter-religioso.
Cardeal Péter Erdo - Hungria
Conhecido por sua
postura conservadora e formação acadêmica sólida, o cardeal húngaro Peter Erdo,
de 72 anos, é o arcebispo de Esztergom-Budapeste. Foi durante muito tempo o
cardeal mais jovem da Europa, após receber o título em 2003, pouco depois de
completar 50 anos. Desde 2006, preside a Conferência Episcopal Europeia.
É muito ativo na chamada nova evangelização, que luta contra a secularização em
defesa do diálogo inter-religioso. Dada a localização na Hungria, onde o
Oriente se encontra com o Ocidente, não é surpresa que Erdo seja o líder das
relações católicas com as igrejas ortodoxas — ele também mantém contato com
líderes da comunidade judaica.
Cardeal José Tolentino de Mendonça - Portugal
José Tolentino de
Mendonça, nascido em 1965 na Ilha da Madeira, em Portugal, é cardeal e atual
prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, cargo que ocupa desde 2022.
Poeta, teólogo e intelectual renomado, ele também foi nomeado cardeal pelo Papa
Francisco, em 2019. É da ala "progressista" da Igreja, com grande
afinidade com o Pontífice.
Antes de assumir seu papel no Vaticano, Tolentino foi arquivista e
bibliotecário da Santa Sé, além de reitor da Pontifícia Universidade Católica
Portuguesa. Ele fala português e italiano fluentemente e inglês razoável, além
das línguas clássicas hebraico e grego antigos.
Cardeal Mario Grech - Malta
Nascido em 1957 em
Rabat, em Malta, Grech é o atual secretário-geral do Sínodo dos Bispos, cargo
que ocupa desde 2020. Ordenado sacerdote em 1984 e nomeado bispo de Gozo em
2005, também por Francisco, Grech é conhecido por sua abordagem pastoral e pelo
foco em questões relacionadas ao diálogo inter-religioso e justiça social.
Com uma formação
teológica sólida, tendo um doutorado em direito canônico pela Pontifícia
Universidade de São Tomás de Aquino, Grech tem sido uma figura importante no
desenvolvimento do Sínodo, órgão consultivo do Papa para discutir questões
cruciais para a Igreja.
Cardeal Luis Antonio Tagle - Filipinas
Luis Antonio Tagle,
nascido em 1957 em Manila, nas Filipinas, é o atual cardeal-arcebispo de
Manila. Foi nomeado cardeal pelo Papa Bento XVI em 2012. Tagle é conhecido por
seu compromisso com a justiça social, o combate à pobreza e a defesa dos
direitos humanos, além de ser defensor do diálogo inter-religioso.
O cardeal de 67 anos foi presidente da Caritas Internacional, organização
humanitária da Igreja, e tem se destacado por sua habilidade em articular
questões teológicas e sociais de forma acessível. O filipino é frequentemente
apontado como um dos possíveis sucessores de Francisco, tendo sido um de seus
"favoritos", apesar de não ter sido nomeado cardeal pelo Pontífice.
Cardeal Robert Francis Prevost - EUA
O cardeal Robert
Francis Prevost nasceu em Chicago, nos Estados Unidos, em 1955, e é bispo
emérito de Chiclayo, no Peru. Em 2023, foi nomeado prefeito do Dicastério para
os Bispos, substituindo o cardeal Marc Ouellet. Sua função principal é auxiliar
nas nomeações e transferências de bispos. Naquele mesmo ano, foi nomeado
cardeal pelo Papa Francisco. É frei, religioso da Ordem de Santo Agostinho.
Cardeal Wilton Gregory - EUA
Wilton Gregory, nascido
em 1947 em Chicago, nos Estados Unidos, é o atual arcebispo de Washington D.C..
Em 2020, ele se tornou o primeiro cardeal afro-americano da Igreja, tendo sido
nomeado por Francisco. Gregory é conhecido por seu compromisso com questões de
justiça social, igualdade racial e por seus esforços para combater o abuso
sexual clerical. O cardeal ainda tem defendido fortemente ações contra as
mudanças climáticas.
Cardeal Blase Cupich - EUA
Blase Cupich, nascido
em 1949 em Omaha, nos Estados Unidos, é o arcebispo de Chicago desde 2014 e
cardeal desde 2016, também nomeado pelo Papa Francisco. Conhecido por sua
abordagem pastoral inclusiva e seu foco em questões sociais, Cupich é visto
como um líder progressista e um defensor de uma Igreja mais acolhedora e
voltada para as necessidades dos marginalizados.
Cardeal Fridolin Ambongo Besungu - República Democrática do
Congo
Fridolin Ambongo
Besungu, nascido em 24 de janeiro de 1960 em Boto, República Democrática do
Congo, é arcebispo de Kinshasa desde 2018. Em 2019, o Papa Francisco o elevou
ao cardinalato. Além de suas responsabilidades arquidiocesanas, o cardeal tem
se destacado como defensor da paz e da justiça social na RDC.
Cardeal Leonardo Ulrich Steiner - Brasil
Anunciado pelo Papa
como cardeal da Igreja Católica em maio de 2022, Steiner tornou-se o primeiro
cardeal da Amazônia brasileira. Nascido em Forquilhinha (SC), ele fez sua
profissão religiosa na Ordem dos Frades Menores em 1976, ainda aos 25 anos, e
foi ordenado sacerdote dois anos depois. Nomeado bispo em 2005 pelo Papa João
Paulo II (1920-2005), ele tomou posse como arcebispo de Manaus em janeiro de
2020, após assumir o cargo ocupado por Dom Sergio Castriani desde 2012.
Bacharel em Filosofia e Pedagogia pela Faculdade Salesiana de Lorena, o cardeal
também obteve a licenciatura e o doutorado em Filosofia na Pontifícia
Universidade Antonianum de Roma. Ainda em 2020, ele disse ter considerado sua
nomeação para cardeal como “uma expressão de carinho, acolhida, proximidade e
cuidado do Papa Francisco para com toda a Amazônia”. Ele também declarou que a
colaboração que pode oferecer ao Pontífice é fazer com que a Amazônia seja
lembrada.
Cardeal Sérgio da Rocha - Brasil
Nascido em Dobrada, no
interior de São Paulo, o cardeal é mestre em Teologia Moral pela Pontifícia
Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, também em São Paulo, e doutor
pela Academia Alfonsiana da Pontifícia Universidade Lateranense, em Roma. Ele
foi professor de Teologia Moral na Pontifícia Universidade Católica de Campinas
(1989-2001) e colaborou, em Porto Velho (RO), no Projeto Missionário Sul I /
Norte I e na Escola de Teologia Pastoral de São Luiz de Montes Belos.
Antes de assumir a arquidiocese de Salvador, Rocha foi arcebispo em Teresina e
em Brasília. Em 2021, Dom Sergio da Rocha foi nomeado membro da Congregação
para os Bispos pelo Papa Francisco. A Congregação para os Bispos é um dos
principais organismos da Cúria Romana, que cuida da criação das dioceses, da
nomeação de bispos, das visitas “ad Limina” e dos encontros de bispos novos. Em
2023, foi nomeado como integrante do Conselho de Cardeais.
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