sábado, 7 de junho de 2025

'Assassinato por encomenda' - Empresário e policial são indiciados por crime no Ceará

O cabo Rodrigo Aguiar Braga também é investigado pela morte do empresário dono de rádio Vinícius Cunha Batista.

Quase cinco anos após uma tentativa de homicídio no bairro Luciano Cavalcante, um empresário e um policial militar foram indiciados pela Polícia Civil do Ceará por meio da Delegacia de Assuntos Internos (DAI). O PM é Rodrigo Aguiar Braga, com nome conhecido pelas autoridades por estar envolvido em outros crimes contra a vida, sendo conhecido como 'matador de aluguel'.
De acordo com relatório da DAI, Rodrigo foi contratado pelo empresário Francisco Alan de Almeida Vasconcelos para assassinar um ex-funcionário dele: "a investigação revelou que Alan teria solicitado a Rodrigo que 'resolvesse' a situação, o que culminou na tentativa de execução da vítima".

CONTRATADO PARA MATAR - O cabo da Polícia Militar do Ceará (PMCE) foi preso já neste ano pela morte do empresário dono de rádio Vinícius Cunha Batista, executado quando saía de uma padaria na mesma região do crime anterior. Rodrigo também é suspeito pelo homicídio da servidora pública da Prefeitura do Eusébio, Maria Madalena Marques Matsunobu, de 64 anos.

O PM também estaria envolvido em outros crimes, incluindo os que vitimaram Vinícius e Maria Madalena

No dia 28 de outubro de 2020, o militar teria efetuado quatro disparos contra um adolescente de 17 anos, a mando do ex-patrão da vítima. O jovem estava em uma oficina quando foi surpreendido pelos disparos. Foi atingido, socorrido, internado e sobreviveu ao ataque.
A tese de que Alan teria ordenado o crime foi reforçada quando o sobrevivente contou às autoridades que dias antes foi ameaçado por Francisco Alan.
A vítima diz que ouviu do ex-patrão: "eu tenho vários policiais que fazem o serviço para mim", frase que foi interpretada como "uma ameaça velada e indicativa de que o crime foi praticado mediante paga ou promessa de recompensa".
A motivação do crime, segundo a vítima e testemunhas, estaria relacionada a desavenças pessoais. As testemunhas apontaram Francisco Alan como o suspeito de ordenar o crime, em razão de um envolvimento amoroso do rapaz com a enteada do empresário e de um furto ocorrido na oficina de propriedade do empresário, onde o adolescente trabalhava.
O empresário estaria acusando o ex-funcionário de cometer o roubo e o perseguindo, segundo familiares do jovem. Já o policial militar Rodrigo Braga teria procurado o adolescente no novo local de trabalho, por alguns dias antes da tentativa de homicídio e passado a monitorar a rotina da vítima.

CÂMERAS E LAUDOS - No decorrer da investigação, a DAI analisou câmeras de segurança e laudos das mídias audiovisuais que captaram a chegada e a fuga dos autores do crime em um veículo Volkswagen Gol de cor escura, compatível com a descrição fornecida pelas testemunhas.
Para a Polícia Civil, Francisco Alan se revelou como "o único indivíduo com motivação concreta e relevante para desejar a eliminação da vítima, reunindo, ademais, os meios necessários à consumação do crime, notadamente em razão da estreita relação de confiança que mantinha com o executor, descoberto como integrante de um grupo de policiais que matava por dinheiro".

ASSASSINATOS - O militar está preso desde o dia 9 de maio deste ano de 2025, em razão de um mandado de prisão relacionado à morte de Vinícius Batista. Dias antes, Rodrigo também teria participado do homicídio de Maria Madalena Marques Matsunobu, funcionária da Secretaria da Cultura do Eusébio e presidente da Associação de Artesãos do Eusébio (Aarte).
Ela morava sozinha, e teve a casa invadida e foi assassinada enquanto dormia, na madrugada de 5 de abril de 2025, no Eusébio, Região Metropolitana de Fortaleza.
A ação criminosa foi silenciosa: o criminoso arrombou a porta da casa, foi até o quarto da idosa e efetuou os disparos para matá-la. Depois, ele fugiu.
Já a execução de Vinícius Cunha Batista aconteceu no último dia 30 de abril. No local, foram encontradas munições calibre 380. Além de Rodrigo foram presos outros dois PMs sob suspeita de matar o empresário: os soldados Rebeca Júlia de Almeida Canuto e Wellington Xavier de Farias.
Vinícius estava sozinho quando foi abordado pelos criminosos, saindo de uma reunião na padaria. O empresário tinha completado 47 anos na data do assassinato.

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