Antônio José de Abreu Vidal Filho omitiu das autoridades de imigração dos EUA seu envolvimento na chacina que deixou 11 mortos na capital cearense e foi condenado a 16 meses por tentar conseguir o visto norte-americano - Ele já havia sido condenado no Brasil a 275 anos de prisão pela chacina.
Ex-policial Antônio José de Abreu durante prisão em agosto de
2023 por agentes do ICE, o serviço de imigração dos Estados Unidos
O ex-policial militar Antônio José de Abreu Vidal Filho, sentenciado a 275 anos de prisão pela Chacina do Curió, que deixou 11
mortos em Fortaleza em 2015, foi condenado a 16 meses de prisão pela Justiça
dos Estados Unidos por mentir durante o processo de solicitação de visto e do
pedido de asilo. Ele foi para os EUA em 2018, antes de ser julgado pelas mortes
no Ceará, e vive lá desde então.
A condenação no exterior pelo crime de perjúrio - o ato de mentir durante um procedimento oficial - é justamente por
ter negado que respondia a um processo na Justiça brasileira e que já tinha
sido preso antes. Após cumprir a pena na cadeia americana, o ex-policial
militar está sujeito à deportação para o Brasil, onde deve cumprir a pena de
prisão pela Chacina do Curió.
O ex-policial é natural de São Luís, no
Maranhão, e atuava na Polícia Militar do Ceará. Ele e outros 44 policiais
militares foram denunciados pela chacina em agosto de 2016 e acabaram presos
preventivamente.
Em maio de 2017, ele foi solto para aguardar o julgamento em liberdade. Duas
semanas depois, em junho de 2017, ele foi ao consulado americano em Recife (PE)
e solicitou o visto de turista para entrar nos EUA.
Durante o processo de solicitação do visto, quando perguntado se já havia sido
preso ou denunciado por algum crime, Antônio José respondeu que não. Na
ocasião, o visto do militar foi aprovado e ele viajou para os Estados Unidos em
maio de 2018. Desde então, Antônio José
não voltou ao Brasil.
Ainda conforme o Departamento de Justiça americano, em 2020 o ex-policial
entrou com um pedido de asilo nos EUA e mentiu novamente quando questionado se
já havia sido preso, acusado ou interrogado por algum crime em algum país. Ele mentiu novamente e disse que não.
Em agosto de 2023, após a sentença no Brasil, Antônio José foi preso pela
Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) nos Estados Unidos.
Antes de ser capturado, ele chegou a integrar a lista vermelha de procurados
devido à condenação pela chacina.
Chacina do Curió - Seis policiais
militares já foram condenados pela Chacina do Curió, matança que deixou 11
mortos em Fortaleza, em 2015.
As vítimas foram assassinadas por policiais militares entre a noite do dia
11 de novembro e a madrugada do dia 12 de novembro de 2015. A maioria das
vítimas tinha de 16 a 18 anos, sem passagens pela polícia.
Segundo o Ministério Público do Ceará, os crimes foram motivados por
vingança pela morte do soldado Valtemberg Chaves Serpa, assassinado horas antes
ao proteger a mulher em uma tentativa de assalto, no Bairro Lagoa Redonda.
Os policiais militares condenados são
Marcus Vinícius Sousa da Costa: 275 anos e 11 meses de prisão. As penas correspondem a 11 homicídios, 3
tentativas de homicídio, 4 crimes de tortura física e mental. Prisão em regime
fechado de imediato sem direito de responder em liberdade e perda do cargo de
policial militar.
Antônio José de Abreu Vidal Filho: 275 anos e 11 meses de prisão por 11 homicídios, 3 tentativas de
homicídio, 4 crimes de tortura física e mental. Prisão em regime fechado de
imediato sem direito de responder em liberdade e perda do cargo de policial
militar. Agora, foi condenado a prisão nos Estados Unidos por perjúrio.
Wellington Veras Chagas: 275 anos e 11 meses
de prisão por 11 homicídios, 3 tentativas de homicídio, 4 crimes de tortura
física e mental. Prisão em regime fechado de imediato sem direito de responder
em liberdade e perda do cargo de policial militar.
Ideraldo Amâncio: 275 anos e 11 meses de
prisão por 11 homicídios, 3 tentativas de homicídio, 4 crimes de tortura física
e mental. Prisão em regime fechado de imediato sem direito de responder em
liberdade e perda do cargo de policial militar.
José Oliveira do Nascimento: 210 anos e nove meses de prisão por 18 crimes, entre eles, homicídio,
tentativa de homicídio e tortura.
José Wagner Silva de Souza: 13 anos e cinco meses
por tortura.
Foram absolvidos dos crimes
Francinildo José da
Silva Nascimento
Gaudioso Menezes de
Mattos Brito Goes
Gerson Vitoriano
Carvalho
José Haroldo Uchoa
Gomes
Josiel Silveira Gomes
Ronaldo da Silva Lima
Thiago Aurélio de Souza
Augusto
Thiago Veríssimo
Andrade Batista de Moraes
Antônio Carlos Matos
Marçal
Antônio Flauber de Melo
Brazil
Clênio Silva da Costa
Francisco Helder de
Sousa Filho
Igor Bethoven Sousa de
Oliveira
Maria Bárbara Moreira
Antônio Carlos Matos Marçal foi absolvido dos crimes julgados no Tribunal de Justiça, mas teve parte do processo encaminhado para a Justiça Militar, que deve realizar um novo julgamento.
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