segunda-feira, 9 de junho de 2025

'Queima de arquivo' - PMs acusados de raptar e matar homem são alvos de conselho na CGD

Os dois militares foram denunciados em fevereiro deste ano, quase sete anos após o desaparecimento da vítima.

A última imagem registrada da vítima ao lado dos suspeitos que forjavam uma operação policial

Dois policiais militares acusados de sequestrar, matar e sumir com corpo de um homem em 2018, em Fortaleza, agora são alvos de uma apuração administrativa na Controladoria Geral de Disciplina (CGD). O órgão instaurou conselho de disciplina contra o cabo Sebastião Mikhail de Sousa Rodrigues e o soldado Jediel Costa Marcelino da Silva.
A CGD apura se a dupla deve ou não permanecer na Corporação. Quase sete anos após o desaparecimento de José Tiago Ferreira Teobaldo e depois de diversos pedidos de diligências, o Ministério Público do Ceará (MPCE) denunciou a dupla de militares.
Em fevereiro deste ano o MP apresentou a acusação relacionada aos crimes de associação criminosa, homicídio e ocultação de cadáver. Segundo o promotor, no dia 29 de março de 2018 a vítima estava em companhia do advogado no bairro Bom Futuro, em Fortaleza, foi abordada e arrebatada pelos PMs e outros homens ainda não identificados em um crime configurado como 'queima de arquivo'.

CORPO NUNCA FOI LOCALIZADO - O Ministério Público afirma que a vítima estava em um bar quando Jediel, Sebastião e outros homens agiram "de comum acordo e identidade de desígnios para o homicídio consumado". Teobaldo foi surpreendido com a chegada de um veículo Gol, branco, com quatro ocupantes.
Os denunciados teriam simulado uma abordagem policial e obrigaram a vítima a entrar na parte traseira do próprio carro, um Fiat Siena.
José Tiago nunca mais foi visto e nem seu corpo localizado. O carro dele foi encontrado abandonado dias depois, em Fortaleza. Para o MP, "somados aos demais elementos constantes nestes autos, infere-se que a vítima foi morta pelos acusados".

GRUPO MILICIANO - Conforme a denúncia, a vítima foi morta "em decorrência de uma 'queima de arquivo' devido uma relação perniciosa entre os acusados e a vítima. As informações presentes nos autos é que a vítima tinha relação com um grupo criminoso, enquanto os acusados, por sua vez, são mencionados como integrantes de um grupo miliciano que pratica extorsão contra criminosos".
Em dezembro de 2024, foram decretadas as prisões dos suspeitos. A defesa alegou que a prisão preventiva foi decretada sem fundamentação concreta e recorreu da decisão. Em maio deste ano o Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve a prisão.

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