O marido de uma delas também foi capturado na Operação “Entre Lobos”
Gaeco detalha como funcionava o esquema da operação Entre
Lobos
Duas advogadas e o
marido de uma delas foram presos nesta terça-feira (22), em Fortaleza, por
suspeita de envolvimento em golpes que lesaram mais de 200 idosos e causaram
prejuízos de mais de R$ 5 milhões.
A ação faz parte da Operação “Entre
Lobos”, do Ministério Público de Santa Catarina, que visa desarticular uma
organização criminosa que montou esquema interestadual de estelionato contra
idosos.
Ao todo, foram cumpridos 13 mandados de prisão e de 35 de busca e apreensão em
Santa Catarina, Ceará, Rio Grande do
Sul, Bahia e Alagoas.
Também foi determinada a apreensão de 25 veículos e o bloqueio bancário de até R$
32 milhões dos investigados.
Até o momento foram identificadas cerca de 215 vítimas do esquema criminoso,
porém há uma estimativa de que mais de mil pessoas tenham sido lesadas.
A investigação foi iniciada há quase um ano a partir de denúncias que apontavam
a exploração financeira de vítimas por meio de cessões de crédito judicial.
Como funcionava o esquema - Segundo o Ministério Público, as vítimas, predominantemente idosos e
aposentados, eram abordadas pela organização criminosa em suas residências ou
por outros meios, oferecendo a propositura de ações revisionais de contratos
bancários.
Após a proposta de renegociação dessas ações, muitas vezes sem o devido
conhecimento dos clientes e sem qualquer informação sobre o processo, as
vítimas eram induzidas em erro e enganadas a assinar contratos de cessão dos
valores de direitos judiciais, resultantes das ações propostas, às empresas de
fachada que integravam a organização criminosa.
A apuração também apontou a captação de clientes via internet, com o uso do
Instituto de Defesa do Aposentado e Pensionista (IDAP), uma fachada
institucional para direcionar as vítimas ao esquema fraudulento. As pessoas entravam
no site e assinavam os documentos necessários para a organização criminosa
ajuizar a ação. O site do IDAP é exposto em âmbito nacional para atrair
aposentados, pretensas vítimas da organização.
Empresas de fachada - As investigações
demonstraram ainda que os contratos de cessão eram assinados em nome das
empresas de fachada Ativa Precatórios, da cidade de Pinhalzinho (SC), e da
BrasilMais Precatórios, com sede em Fortaleza.
Porém, os alvarás eram todos expedidos em nome do escritório de advocacia
da pessoa que a investigação apontou como chefe da organização criminosa.
Depois, os valores eram, em parte, transferidos para as empresas e/ou rateados
entre os integrantes do grupo criminoso.
Segundo as apurações,
por meio da empresa de fachada Ativa Precatórios foram liberados pela Justiça
um total de R$ 924.479,10, mas pagos às vítimas apenas R$ 91.600,00,
representando uma taxa de pagamento de apenas 9,91% do valor real devido, uma
apropriação indevida de R$ 832.879,10.
Já por meio da BrasilMais Precatórios foram liberados valores ainda mais
alarmantes: de R$ 5.106.773,12 liberados pela Justiça, as vítimas receberam
somente R$ 503.750,00, resultando em uma taxa de pagamento de apenas 9,86% do
valor devido, uma apropriação de R$ 4.603.023,12.
Somando as duas empresas, o valor total adquirido pela organização criminosa e
liberado pela Justiça foi de mais de R$ 6 milhões, porém os idosos explorados
pelo esquema receberam menos de 10% do valor que lhes era devido por direito.
Durante a investigação foram identificadas planilhas de controle financeiro
detalhando a divisão de lucros, comissões pagas, investimentos e despesas,
revelando a partilha de proveitos ilícitos entre os envolvidos.
Também foram coletados registros de procurações e substabelecimentos que
indicam a transferência de poderes de representação entre os criminosos que
extrapolavam a função de advogado e as empresas.
Abrangência dos crimes - A atuação da
organização criminosa se estende por no mínimo quatro estados brasileiros, com
foco na captação de vítimas em regiões específicas: Santa Catarina; Ceará;
Alagoas; e Rio Grande do Sul, segundo o Ministério Público.
Além desses estados, o escritório investigado também declarou atuação no
Paraná e planos de expansão para São Paulo e demais estados brasileiros.
A Ativa Precatórios concentrou suas operações na região oeste de Santa
Catarina, enquanto a BrasilMais Precatórios, sediada no Ceará, expandiu suas
atividades para o Rio Grande do Sul.
O IDAP, utilizado para captação de clientes, abrangeu 37 comarcas
distribuídas entre Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná.
O Ministério Público orienta que pessoas que se identificarem como vítimas
do esquema procurem a Delegacia de Polícia Civil mais próxima para registrar um
boletim de ocorrência, o qual será posteriormente encaminhado ao órgão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário