quarta-feira, 16 de julho de 2025

Mulher com transtorno mental é morta em Fortaleza a mando de facção por atrair PMs ao bairro durante crises

O mandante do crime, apontado pelas investigações como liderança do Comando Vermelho, deve ser submetido ao Tribunal Popular do Júri.

A vítima estava dentro do ônibus quando foi baleada e morta por dois adolescentes

O chefe da facção criminosa Comando Vermelho (CV), no bairro Monte Castelo, Rafael Ferreira de Castro, o 'Boquinha’, vai a júri popular por ordenar o assassinato de Tarciana Moreira do Vale, de 37 anos. A mulher foi morta a tiros dentro de um ônibus, em maio deste ano. O motivo do crime: a vítima, que sofria de transtornos mentais e fazia uso de substâncias entorpecentes, tinha crises constantes, ficava agressiva e fazia com que a Polícia Militar do Ceará (PMCE) fosse acionada para o bairro, atrapalhando as atividades ilícitas do grupo.
Segundo a denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE), a frequência de policiais militares na área sob domínio do Comando Vermelho para atender a ocorrências geradas pelas crises de Tarciana passou a incomodar ‘Boquinha”. Rafael Ferreira, que já havia sido preso por tráfico de drogas em 2019, mas que estava em liberdade, iniciou uma série de ameaças de morte contra Tarciana.
Em uma das ocasiões, ele chutou o portão da casa da mãe dela e ordenou que ela saísse do bairro, o que não aconteceu. Temendo ser morta, Tarciana registrou um Boletim de Ocorrência (B.O.) ainda em 2024.
A atitude foi interpretada por Rafael como uma afronta. No dia 2 de maio deste ano, Tarciana estava embarcando em um ônibus quando foi surpreendida por dois atiradores.
Adolescentes de 17 anos e 15 anos, se aproximaram do coletivo em bicicletas e efetuaram os disparos. A vítima foi atingida por quatro tiros, um deles na cabeça. Após o crime, uma das bicicletas foi abandonada, e os adolescentes fugiram juntos em uma única bicicleta, sendo flagrados por câmeras de segurança nas proximidades.

Morte comemorada - Os policiais iniciaram as buscas e localizaram os envolvidos “comemorando” o crime. Rafael Ferreira e os dois adolescentes foram encontrados juntos, confraternizando em uma residência de frente para o mar no Pecém, na cidade de São Gonçalo do Amarante. A prisão em flagrante de Rafael foi homologada e convertida em preventiva.
Os adolescentes tiveram um Ato Infracional análogo ao crime de homicídio lavrado contra eles. Rafael foi denunciado pelo Ministério Público por homicídio qualificado por motivo torpe e uso de meio que dificultou a defesa da vítima, além de duas vezes pelo crime de corrupção de menores e por integrar organização criminosa (Comando Vermelho-CV), exercendo a liderança da facção. A denúncia destaca que a conduta de Rafael revela “péssima conduta social” e uma “personalidade fria e violenta”.
Em decisão de 10 de julho de 2025, o Juízo da 6ª Vara do Júri de Fortaleza, que atua exclusivamente em processos de crimes dolosos contra à vida praticados no contexto das organizações criminosas, pronunciou Rafael Ferreira de Castro. A Justiça considerou a existência de indícios suficientes de autoria e materialidade, e determinou que ele seja submetido a julgamento pelo Tribunal do Júri.

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