O mandante do crime, apontado pelas investigações como liderança do Comando Vermelho, deve ser submetido ao Tribunal Popular do Júri.
A vítima estava dentro do ônibus quando foi baleada e morta
por dois adolescentes
O chefe da facção
criminosa Comando Vermelho (CV), no bairro Monte Castelo, Rafael Ferreira de Castro, o 'Boquinha’, vai a júri popular por
ordenar o assassinato de Tarciana
Moreira do Vale, de 37 anos. A mulher foi morta a tiros dentro de um
ônibus, em maio deste ano. O motivo do crime: a vítima, que sofria de
transtornos mentais e fazia uso de substâncias entorpecentes, tinha crises
constantes, ficava agressiva e fazia com que a Polícia Militar do Ceará (PMCE)
fosse acionada para o bairro, atrapalhando as atividades ilícitas do grupo.
Segundo a denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE), a frequência de
policiais militares na área sob domínio do Comando Vermelho para atender a
ocorrências geradas pelas crises de Tarciana passou a incomodar ‘Boquinha”.
Rafael Ferreira, que já havia sido preso por tráfico de drogas em 2019, mas que
estava em liberdade, iniciou uma série de ameaças de morte contra Tarciana.
Em uma das ocasiões, ele chutou o portão da casa da mãe dela e ordenou que ela saísse
do bairro, o que não aconteceu. Temendo ser morta, Tarciana registrou um
Boletim de Ocorrência (B.O.) ainda em 2024.
A atitude foi interpretada por Rafael
como uma afronta. No dia 2 de maio deste ano, Tarciana estava embarcando em
um ônibus quando foi surpreendida por dois atiradores.
Adolescentes de 17 anos e 15 anos, se aproximaram do coletivo em bicicletas e
efetuaram os disparos. A vítima foi atingida por quatro tiros, um deles na
cabeça. Após o crime, uma das bicicletas foi abandonada, e os adolescentes
fugiram juntos em uma única bicicleta, sendo flagrados por câmeras de segurança
nas proximidades.
Morte comemorada - Os policiais iniciaram
as buscas e localizaram os envolvidos “comemorando”
o crime. Rafael Ferreira e os dois adolescentes foram encontrados juntos,
confraternizando em uma residência de frente para o mar no Pecém, na cidade de
São Gonçalo do Amarante. A prisão em flagrante de Rafael foi homologada e
convertida em preventiva.
Os adolescentes tiveram um Ato Infracional análogo ao crime de homicídio
lavrado contra eles. Rafael foi denunciado pelo Ministério Público por
homicídio qualificado por motivo torpe e uso de meio que dificultou a defesa da
vítima, além de duas vezes pelo crime de corrupção de menores e por integrar
organização criminosa (Comando Vermelho-CV), exercendo a liderança da facção. A
denúncia destaca que a conduta de Rafael revela “péssima conduta social” e uma “personalidade
fria e violenta”.
Em decisão de 10 de julho de 2025, o Juízo da 6ª Vara do Júri de Fortaleza, que
atua exclusivamente em processos de crimes dolosos contra à vida praticados no
contexto das organizações criminosas, pronunciou Rafael Ferreira de Castro. A
Justiça considerou a existência de indícios suficientes de autoria e
materialidade, e determinou que ele seja submetido a julgamento pelo Tribunal
do Júri.
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