terça-feira, 12 de agosto de 2025

Comando Vermelho picha residências e eleva clima de tensão na zona norte do Ceará

O local está ficando deserto, mais de 40 famílias já fugiram do caos

A terça-feira (12) começou com um novo golpe no já frágil sentimento de segurança dos moradores do bairro Dom Expedito, em Sobral. Nas primeiras horas da manhã, muros de várias residências da comunidade de Várzea Grande amanheceram marcados com as siglas do Comando Vermelho (CV), uma clara demonstração de força da facção que disputa há anos o controle da região com grupos rivais. O ato não foi apenas vandalismo. Foi um recado. Para muitos, as letras vermelhas pintadas sobre as paredes simbolizam o avanço do crime organizado sobre um território que já vive sob cerco, e onde a presença do Estado ainda não conseguiu restabelecer a paz.
A comunidade carrega um histórico de violência. Tiroteios, ameaças, assassinatos e expulsões forçadas transformaram o bairro num dos pontos mais críticos da disputa entre facções. Mais de 40 famílias já abandonaram suas casas - algumas partindo às pressas, com poucos pertences, outras vendendo imóveis por valores irrisórios -  em busca de refúgio em áreas consideradas “mais seguras”. O resultado é um cenário desolador: ruas com portas e janelas quebradas, imóveis vazios e o silêncio cortado apenas pelo assustador estampido dos disparos. Aos poucos, Várzea Grande vai se esvaziando, ganhando contornos de cidade fantasma, assim como aconteceu em Uiraponga, distrito de Morada Nova, onde todos os moradores foram obrigados a sair.
Para tentar conter o avanço do crime, a Polícia Militar instalou uma base no bairro. Mas a estratégia não foi suficiente para interromper a escalada da violência. Rumores de que a PM deixaria Várzea Grande espalharam pânico entre os que ainda resistem. A possibilidade foi prontamente negada pelo comandante do 3º BPM, tenente-coronel Rodrigues, que explicou que o veículo-base, cedido pela Guarda Municipal de Sobral apenas passou por manutenção.
Com ou sem reforço policial, a verdade é que a cada ataque a sensação de insegurança cresce, e mais portas se fecham definitivamente. Em Várzea Grande, enquanto as pessoas deixam suas casas, o medo já não é visitante: tornou-se morador fixo.

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