O local está ficando deserto,
mais de 40 famílias já fugiram do caos
A
terça-feira (12) começou com um novo golpe no já frágil sentimento de segurança
dos moradores do bairro Dom Expedito, em Sobral. Nas primeiras horas da
manhã, muros de várias residências da comunidade de Várzea Grande amanheceram
marcados com as siglas do Comando Vermelho (CV), uma clara demonstração
de força da facção que disputa há anos o controle da região com grupos rivais. O
ato não foi apenas vandalismo. Foi um
recado. Para muitos, as letras vermelhas pintadas sobre as paredes
simbolizam o avanço do crime organizado sobre um território que já vive sob
cerco, e onde a presença do Estado ainda não conseguiu restabelecer a paz.
A comunidade carrega um histórico de violência. Tiroteios, ameaças,
assassinatos e expulsões forçadas transformaram o bairro num dos pontos mais
críticos da disputa entre facções. Mais de 40 famílias já abandonaram suas
casas - algumas partindo às pressas, com poucos pertences, outras vendendo imóveis
por valores irrisórios - em busca de
refúgio em áreas consideradas “mais
seguras”. O resultado é um cenário desolador: ruas com portas e janelas
quebradas, imóveis vazios e o silêncio cortado apenas pelo assustador estampido
dos disparos. Aos poucos, Várzea Grande vai se esvaziando, ganhando contornos
de cidade fantasma, assim como aconteceu em Uiraponga, distrito de Morada
Nova, onde todos os moradores foram obrigados a sair.
Para tentar conter o avanço do crime, a Polícia Militar instalou uma base no
bairro. Mas a estratégia não foi suficiente para interromper a escalada da
violência. Rumores de que a PM deixaria Várzea Grande espalharam
pânico entre os que ainda resistem. A possibilidade foi prontamente negada pelo
comandante do 3º BPM, tenente-coronel Rodrigues, que explicou que o
veículo-base, cedido pela Guarda Municipal de Sobral apenas passou por
manutenção.
Com ou sem reforço policial, a verdade é que a cada ataque a sensação de
insegurança cresce, e mais portas se fecham definitivamente. Em Várzea Grande,
enquanto as pessoas deixam suas casas, o medo já não é visitante: tornou-se morador fixo.
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