terça-feira, 10 de janeiro de 2017

PRESÍDIOS DO CE - Tensão aumenta em presídios cearenses após duas mortes

Os 150 detentos que ficam na ala D da CPPL IV, no Complexo de Itaitinga, teriam sido jurados de morte conforme esposas de detentos

Por não aderirem às facções criminosas, após a quebra de acordo de paz, presos da Grande Fortaleza estariam sendo obrigados a ingerir um coquetel de drogas. É o que aponta o defensor público Emerson Castelo Branco, do Núcleo de Assistência aos Presos Provisórios de Defensoria Pública do Estado, que esteve no Complexo de Itaitinga.
Dois presos da Casa de Privação Provisória de Liberdade Agente Elias Alves da Silva (CPPL IV) foram mortos no último sábado, 7, e, de acordo com a Secretaria da Justiça e Cidadania do Estado (Sejus), há “suspeita de overdose”. Com as ocorrências, são três os óbitos este ano dentro de presídios no Estado.
Esposas de detentos estão se revezando nas proximidades do complexo penitenciário, na BR-116, desde sábado, quando aconteceram as mortes, e dizem escutar pedidos de socorro e de transferência durante a madrugada. Elas afirmam que o coquetel feito para os detentos da chamada massa é composto de água, cocaína e desinfetante. Cláudio Justa, presidente do Conselho Penitenciário do Ceará, define como “uma overdose forçada”.
Após transferências de mais de 4 mil detentos para separação das facções, “o clima é de uma paz tensa”. “Cada facção quer ficar somente ela em uma unidade. É uma questão de controle e domínio”.
“Existe o chamado preso de massa, que é aquele que não faz parte de facção. Em regra, eles eram respeitados, alguns são evangélicos. Com as facções em guerra, o preso de massa está sendo escravizado e obrigado a escolher um lado, uma facção para fazer parte. E eles não escolhem porque significa estar marcado para morrer pelo outro lado”, detalha o defensor Emerson Castelo Branco.
Segundo ele, outros dois detentos também tiveram de tomar o coquetel, mas foram socorridos a tempo. Conforme as esposas, os relatos que chegam em grupos do WhatsApp são que outros corpos estariam sendo ocultados dentro das celas. A Sejus confirma apenas as três mortes este ano e informa que dois presos foram “retirados e isolados” no sábado, após a identificação de ameaça de morte.

Ameaças - Familiares de detentos que estão na ala dos evangélicos, a ala D da CPPL  IV, denunciaram que os 150 presos do pavilhão tiveram morte decretada pelo Comando Vermelho. Segundo a direção da CPPL IV, a segurança interna foi reforçada. 

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