A redução das chuvas,
na segunda quinzena de abril passado, diminuiu a expectativa de boa safra de
grãos no sertão cearense
Nos últimos seis anos, o
Semiárido cearense enfrenta sucessivos períodos com chuvas abaixo da média e o
resultado são as perdas das reservas hídricas nos médios e grandes
reservatórios, além da frustração da safra agrícola de grãos. Entre 2008 e
2017, as precipitações ficaram abaixo da média no mês de abril em oito anos. Já
o volume hídrico nos 153 açudes monitorados pela Companhia de Gestão dos
Recursos Hídricos (Cogerh) caiu de 66,9%, em abril 2012, para 12,6%, índice
atual.
Quadro crítico - O quadro de
reserva hídrica está ficando cada vez mais crítico, no Ceará. O risco de mais
municípios entrarem no rol dos que já enfrentam racionamento de água ou medidas
de contingenciamento é crescente. Os dois maiores açudes do Estado, Castanhão e
Orós, perderam volume e hoje acumulam, 6% e 10%, respectivamente.
O Castanhão por exemplo, atende à demanda de abastecimento
de mais de 20 municípios no Vale do Baixo Jaguaribe e na Região Metropolitana
de Fortaleza (RMF). O Orós também assiste meia dúzia de cidades no Médio
Jaguaribe e dezenas de localidades rurais.
As chuvas permanecem escassas. Em
abril, o índice médio pluviométrico esperado para o período no Estado é de
188mm, mas foram observados apenas 117.7mm. Houve, portanto, um déficit de
37.4%. Os dados são da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos
(Funceme) e ainda refletem números parciais, que serão atualizados ao longo da
semana.
Maio é o último mês da quadra
chuvosa e tem índice pluviométrico histórico baixo, em torno de 90.6mm.
Safra comprometida - A redução
das chuvas, na segunda quinzena de abril passado, diminuiu a expectativa de boa
safra de grãos (milho e feijão) no sertão cearense.
Em muitas roças, o plantio de
milho está abrindo o pendão, fase em que necessita de mais água para a formação
dos grãos na espiga.
Por enquanto, o pasto nativo
assegura a alimentação do rebanho. Os barreiros estão cheios, mas a preocupação
dos produtores é com o quadro de falta de água que deve se intensificar a
partir de novembro, quando essas pequenas reservas começam a secar.
Na atual quadra chuvosa, as
precipitações ficaram acima da média em fevereiro (31,7%); na média em março
(0,1%) e abaixo em abril (-41,5%). O secretário Executivo da Secretaria de
Recursos Hídricos (SRH), Aderilo Alcântara, disse que o esforço do governo é
para manter o abastecimento nos centros urbanos e localidades rurais, mas
mostrou preocupação com o quadro de perda de reserva. No início da atual quadra
chuvosa, o índice médio dos açudes era de 6,5%.
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