quinta-feira, 4 de maio de 2017

Rio sem entrega - Para fugir dos roubos de carga, até carne é transportada em carro-forte

O carro-forte frigorífico: procura pelo serviço para transportar carnes e remédios aumentos
O carro-forte frigorífico - Procura pelo serviço para transportar carnes e remédios aumentos

A cada segundo, 20 aves são abatidas em São José do Vale do Rio Preto, na Região Serrana, maior fornecedora de frango fresco do estado. Palco de um único assalto nos três primeiros meses do ano, a cidade caminha para o colapso econômico devido a uma onda de violência que ocorre a mais de 80 quilômetros dali, sobretudo na Região Metropolitana, para onde vai 90% da produção rio-pretana. A cada três dias, em média, um caminhão abarrotado de aves que deixa o município é alvo dos ladrões de carga.
Só no primeiro trimestre, o prejuízo é de quase R$ 1 milhão, com 32 caminhões roubados. O valor equivale a 20% da arrecadação mensal local.
As carnes, não apenas de frango, estão entre os principais alvos das quadrilhas. Para diminuir os riscos, já há atacadistas fluminenses contratando carros-fortes refrigerados para o transporte deste tipo de item, em especial cargas valiosas, como cortes nobres.
A Protege, gigante do setor de segurança e transporte de valores, confirma que foi contatada por interessados, no Rio, em transportar carnes nos blindados aclimatados. A empresa, porém, só chegou a fazer esse serviço em São Paulo.
Desde março, as seguradoras não oferecem mais seguro para remédios, que também exigem refrigeração especial no transporte.

 A visão interna do carro-forte frigorífico
A visão interna do carro-forte frigorífico

Prejuízo milionário nos abatedouros - Em São José do Vale do Rio Preto, um único dono de abatedouro, que emprega 82 funcionários, amargou um prejuízo acumulado de R$ 420 mil com cargas roubadas. Além disso, dois caminhões foram levados pelos criminosos, cada um avaliado em R$ 200 mil. Se a escalada de crimes permanecer, conta o empresário, será preciso fechar as portas até o fim do ano.
Já o dono de um outro abatedouro, fundado na década de 1970, perdeu no ano passado quatro dos 15 caminhões de sua frota de entrega, além de registrar um total de R$ 450 mil de prejuízo com os roubos de carga.

 Caminhões saem de São José do Vale do Rio Preto
Caminhões saem de São José do Vale do Rio Preto

Na Baixada, prejuízo de R$ 667 milhões - Um levantamento revela que só na Baixada Fluminense o roubo de cargas gerou prejuízos da ordem de R$ 667 milhões. De 2011 a 2016, foram 10.622 mil ataques — média de cinco assaltos por dia.
A maior perda ocorreu em Caxias, com impacto de R$ 236 milhões. Segundo a Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística, 7,9% do faturamento bruto são aplicados em gerenciamento de risco. Por conta disso, as transportadoras implantaram uma taxa extra que varia de 0,3% a 1% do valor da carga, ou de R$ 10 a R$ 15 a cada cem quilos.

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