
Juiz Manuel Clístenes
falou das ameaças sofridas pelos adolescentes
A chacina registrada, na última
segunda feira (13), em um centro de ressocialização de adolescentes infratores,
em Fortaleza, já era planejada pela facção
criminosa Comando Vermelho (CV) há vários dias e, mesmo diante da ameaça
aos jovens ali recolhidos, a direção do estabelecimento decidiu não suspender
as atividades. O reforço da segurança determinado pela direção não foi suficiente
para impedir que a matança anunciada acontecesse na madrugada de segunda-feira
(13).
Era por volta de 3 horas, quando
um grupo fortemente armado, formado por cerca de 15 homens, invadiu o Centro de
Semiliberdade Mártir Francisca, localizado no bairro Sapiranga-Coité (zona sul
da Capital) e retirou à força do dormitório seis dos cerca de 30 adolescentes
que pernoitavam no lugar.
Os seis garotos foram arrastados
até a rua, levados para um beco próximo e quatro deles executados sumariamente
com tiros de pistola e espingarda calibre 12 (escopeta). As vítimas tinham
idade entre 13 e 16 anos. Um dos garotos, de 13 anos de idade, morador da Barra
do Ceará, foi morto porque havia tatuado em três dedos da mão direita os números
7, 4, 5 referente às letras G,D e E, que é a sigla da facção Guardiões do
Estado (GDE).
Fuga e mais mortes - Logo após a
chacina, outros 15 adolescentes que estavam no centro aproveitaram a situação e
acabaram fugindo. Cinco deles foram recapturados pela Polícia Militar e levados
de volta para a unidade. Contudo, horas depois, dois corpos foram encontrados
com marcas de tiros e esquartejados nas margens da Lagoa da Sabiaguaba. A
Polícia não descartou a possibilidade de que as vítimas possam ser os outros dois
menores levados pela quadrilha e que não haviam ainda aparecido.
Os corpos foram recolhidos à
Coordenadoria de Medicina Legal (Comel) da Perícia Forense do Estado do Ceará
(Pefoce) e passarão por um minucioso exame para que possam ser identificados.
Ameaças - O juiz da Vara da
Infância e da Adolescência de Fortaleza, Manuel Clístenes Façanha, responsável
pela aplicação de medidas socioeducativas para os adolescentes infratores,
confirmou que os internos do Centro Mártir Francisca já haviam se queixado de
que estariam sendo ameaçados de morte. Segundo o magistrado, as ameaças
supostamente eram feitas por uma facção criminosa do bairro onde está
localizada a unidade. Eles ameaçavam os simpatizantes da facção rival mesmo
estes sendo de bairros ou cidades distantes dali.
Uma reunião de emergência foi
realizada na sede do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará entre
representantes da Justiça e do Governo do estado para tratar do assunto.
Segundo o juiz Manuel Clístenes, ficou decidido que o Centro ficará inativo por
cerca de 30 dias. Os menores que ali estavam recolhidos foram entregues aos
pais ou responsáveis.
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