sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Comparsas de Nem da Rocinha planejam retomada da favela após prisão de Rogério 157

Rogério foi preso na manhã de quarta-feira
Rogério foi preso na manhã de quarta-feira

Após a prisão de Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, cúmplices de seu rival, Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, se preparam para tentar retomar a Rocinha. Na noite da última quarta-feira, horas após a captura do bandido, criminosos expulsos da favela em setembro, durante a guerra que culminou na saída de 157 da facção Amigos dos Amigos (ADA) e na aliança com o Comando Vermelho (CV), se reuniram no Complexo de São Carlos, no Estácio, para planejar uma nova invasão à comunidade de São Conrado.
Também participaram do encontro traficantes oriundos da Vila dos Pinheiros, no Complexo da Maré, e de Acari — comunidades dominadas pelo Terceiro Comando Puro (TCP). Bandidos do São Carlos, antigo reduto da ADA, se aliaram ao TCP após um ataque de criminosos do CV no mês passado. No dia 17 de setembro, o bando ligado a Nem que atacou a Rocinha partiu justamente do complexo do Estácio.

Gênio foi o escolhido para ficar no lugar de Rogério 157
Gênio foi o escolhido para ficar no lugar de Rogério 157

O traficante do São Carlos que coordena o planejamento da retomada é Leonardo Miranda da Silva, o Léo Empada, de 31 anos. Ele já havia participado da primeira tentativa de invasão. Entre os criminosos oriundos da Rocinha que planejam voltar à favela estão Ramon Aleluia da Silva, o Manga, de 37 anos — apontado por Nem como seu sucessor após o assassinato de Ítalo Jesus Campos, o Perninha. O crime foi o estopim da guerra —, além de Jurandir Silva Santos, o Parazinho, de 24, e Adriano Cardoso da Silva, o Modelo.
Após ser preso, Rogério 157 disse informalmente a policiais que Modelo foi o principal culpado pela ruptura na quadrilha que dominava a Rocinha. Genro de Nem, o traficante teria começado a provocar desentendimentos no grupo do chefão que está preso em Rondônia, e a quadrilha mais ligada a Rogério. Após a guerra, Adriano ascendeu no bando e passou a ser um dos principais responsáveis por articular ataques na Rocinha.
Para moradores da favela, a tentativa de retomada só não aconteceu ontem porque o Bope estava no morro. Durante a noite, três pessoas foram mortas durante confrontos entre PMs da unidade e criminosos. Dois dos mortos são suspeitos e o terceiro é o mototaxista Vítor Hugo Fernandes.

Washington (esquerda) e Jhonathan (direita): comparsas de Rogério
Washington (esquerda) e Jhonathan (direita), comparsas de Rogério

Novos personagens na linha de frente - Com a prisão de Rogério 157, a polícia tem novos alvos que ascenderam na quadrilha. José Carlos de Souza Silva, de 29 anos, o Gênio, foi o escolhido pela cúpula do CV para chefiar o tráfico na Rocinha provisoriamente. Segundo investigação da Polícia Civil, ele deve ficar no posto até que os chefes da facção deem a ordem para que outro, mais “graduado” na hierarquia do bando, assuma.
Gênio foi uma escolha do próprio Rogério para administrar seu reduto após a sua fuga, em meio à guerra na favela. Ele tem um perfil mais discreto, não aparece armado em público e é querido pelos moradores da Rocinha.
Outros nomes que eram candidatos à sucessão de Rogério foram presos — como Alberto Ribeiro Santanna, o Cachorrão — ou estão escondidos fora da Rocinha, em outros redutos do CV — como Jailson Barbosa Marinho, o Jabá. Cachorrão e Jabá têm um perfil mais violento.
Todos foram indiciados num inquérito da 11ª DP (Rocinha) sobre a guerra na comunidade. Além de Gênio, outros dois comparsas também estão no radar da polícia: Washington Andrade Paz e Jhonathan Pessanha, alçados a gerentes na favela.

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