GDE tem o Ceará como
principal foco de atuação
Apontada como responsável pela
maior chacina da história do Ceará, a GDE (Guardiões do Estado) se caracteriza
por cooptar adolescentes que vêm praticando ataques mais violentos do que
tradicionais grupos organizados.
O grupo nasceu em Fortaleza há
dois anos e se consolidou em 2017. "Hoje, já vemos pichações do GDE nos muros.
Antes, víamos só do PCC e do CV (Comando Vermelho)", explica o sociólogo e
coordenador do LEV (Laboratório de Estudos da Violência) da UFC (Universidade
Federal do Ceará), César Barreira.
Segundo o professor, uma das
explicações para o crescimento da GDE é que a facção não cobra mensalidade dos
integrantes - prática do CV e do PCC. Também seria por essa razão que o
movimento vem atraindo jovens.
"O GDE tem como marca uma
forte dose de crueldade. É muito preocupante porque é um grupo que ainda está
se sedimentando e as próprias regras de disciplina ainda não são totalmente
incorporados como são no CV e no PCC. Quando se conhece as regras e bases de
sustentação dessas facções, é mais fácil de combater. Por isso, é uma facção
que nos preocupa bastante", diz Barreira.
O especialista analisa que, pela
definição da estrutura hierárquica, as facções criminosas "antigas"
como PCC e CV já não despertam o interesse do jovem, que se atrai pelo
"novo".
Segundo Barreira, o GDE é forte
na periferia, principalmente em bairros classificados como mais violentos.
Esses locais já estariam sendo mapeados pela polícia. O professor destaca que,
no ano passado, a disputa entre facções por bairros de Fortaleza teria expulsado
famílias para outros locais.
Para Barreira, embora não seja
possível dizer que o governo perdeu o controle para as facções, a separação de
presos por grupos organizados nos presídios do Ceará já revela a
"fragilidade" do Estado.
Recorde - A maior chacina do
Ceará, que deixou 14 mortos na periferia de Fortaleza, ocorre dias após a
divulgação das estatísticas criminais pelo governo estadual. Os dados
confirmaram que o Estado atingiu em 2017 um número recorde de homicídios em
toda a história: foram 5.134 assassinatos, ante 3.407 em 2016. O crescimento é
de 50,7%. O maior aumento ocorreu em Fortaleza, que registrou salto de 96,4% na
quantidade de homicídios. No ano passado, foram 1.978 assassinatos; em 2016,
houve 1.007 registros.
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