domingo, 28 de janeiro de 2018

Conheça a facção que matou 14 no CE - GDE é facção nova e tem 'crueldade como marca'

GDE tem o Ceará como principal foco de atuação
GDE tem o Ceará como principal foco de atuação

Apontada como responsável pela maior chacina da história do Ceará, a GDE (Guardiões do Estado) se caracteriza por cooptar adolescentes que vêm praticando ataques mais violentos do que tradicionais grupos organizados.
O grupo nasceu em Fortaleza há dois anos e se consolidou em 2017. "Hoje, já vemos pichações do GDE nos muros. Antes, víamos só do PCC e do CV (Comando Vermelho)", explica o sociólogo e coordenador do LEV (Laboratório de Estudos da Violência) da UFC (Universidade Federal do Ceará), César Barreira.
Segundo o professor, uma das explicações para o crescimento da GDE é que a facção não cobra mensalidade dos integrantes - prática do CV e do PCC. Também seria por essa razão que o movimento vem atraindo jovens.
"O GDE tem como marca uma forte dose de crueldade. É muito preocupante porque é um grupo que ainda está se sedimentando e as próprias regras de disciplina ainda não são totalmente incorporados como são no CV e no PCC. Quando se conhece as regras e bases de sustentação dessas facções, é mais fácil de combater. Por isso, é uma facção que nos preocupa bastante", diz Barreira.
O especialista analisa que, pela definição da estrutura hierárquica, as facções criminosas "antigas" como PCC e CV já não despertam o interesse do jovem, que se atrai pelo "novo".
Segundo Barreira, o GDE é forte na periferia, principalmente em bairros classificados como mais violentos. Esses locais já estariam sendo mapeados pela polícia. O professor destaca que, no ano passado, a disputa entre facções por bairros de Fortaleza teria expulsado famílias para outros locais.
Para Barreira, embora não seja possível dizer que o governo perdeu o controle para as facções, a separação de presos por grupos organizados nos presídios do Ceará já revela a "fragilidade" do Estado.

Recorde - A maior chacina do Ceará, que deixou 14 mortos na periferia de Fortaleza, ocorre dias após a divulgação das estatísticas criminais pelo governo estadual. Os dados confirmaram que o Estado atingiu em 2017 um número recorde de homicídios em toda a história: foram 5.134 assassinatos, ante 3.407 em 2016. O crescimento é de 50,7%. O maior aumento ocorreu em Fortaleza, que registrou salto de 96,4% na quantidade de homicídios. No ano passado, foram 1.978 assassinatos; em 2016, houve 1.007 registros.

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