sábado, 17 de março de 2018

Apesar das chuvas escassas, bom inverno ainda não foi descartado

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Se fevereiro passado registrou o melhor volume de chuva desde 2008, agora em março, concluída a metade do mês, há uma queda violenta nos índices pluviométricos.
O esperado para o período são 203.4 mm, mas até a última sexta-feira, 16, haviam sido observados 45.3mm, portanto, um desvio negativo de 77.7%. Os dados ainda parciais são da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). Apesar disso, o homem do campo ainda acredita num bom inverno.
A escassez de precipitações reflete no volume médio acumulado nos 155 reservatórios monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) que é de apenas 8,4%. O quadro atual traz muita preocupação para as autoridades que temem um agravamento da crise hídrica no último trimestre deste ano, caso as condições atuais permaneçam.
O maior reservatório do Ceará, o Castanhão, acumula apenas 3,81%; o Orós, o segundo em capacidade, está com somente 6,32%; e o Banabuiú, o terceiro do Ceará, tem inexpressivos 0,4%. De acordo com a Cogerh, há sete açudes que estão sangrando: Acaraú Mirim (Massapê); Caldeirões (Saboeiro); Itaúna (Granja), Tucunduba (Senador Sá), Cocó (Fortaleza), Germinal (Palmácia) e Colina (Quiterianópolis).
O Portal Hidrológico da Cogerh mostra que 11 açudes estão com volume acima de 90% e destes pelo menos três podem transbordar ainda neste mês, caso ocorra o retorno das chuvas: Barragem do Batalhão em Crateús (98.12%); Maranguapinho em Maranguape (95.64%); Tijuquinha em Baturité (93.9%) e São Vicente em Santana do Acaraú (92.5%).

O meteorologista chefe da Seção de Previsão de Tempo do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), em Recife, Ednaldo Correia de Araújo, afirmou que há uma tendência de retorno das chuvas. "Não deverá ser tão forte, quanto foi em fevereiro passado, mas vai voltar. O prognóstico permanece de ocorrência de chuvas dentro da normalidade para o trimestre - março, abril e maio".

Esfriamento - Ednaldo Araújo explicou que houve um leve esfriamento das águas do Oceano Atlântico Norte favorecendo o deslocamento da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), principal sistema que traz chuvas para o Ceará, nessa época do ano, para a região Norte, em direção ao Maranhão e Amapá.
O enfraquecimento da ZCIT provocou o veranico no Ceará nas últimas duas semanas. A situação atual que o Ceará vivencia é ruim para a agricultura e para as reservas hídricas.
A climatologista do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Renata Todeschi, sobre a redução das chuvas no Ceará nos últimos 15 dias, frisou que não há nenhum fenômeno de clima interferindo. "Não há problema em grande escala. Não está acontecendo nada. O La Niña no Oceano Pacífico é de baixa intensidade, está em vias de acabar e não traz no momento influência para o Nordeste brasileiro".

Após 14 dias sem chuva, caracterizando um veranico no sertão cearense, os agricultores demonstram preocupação e temem uma perda elevada da lavoura de milho, feijão e sorgo, embora não percam a esperança.

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