Primeiro integrante do chamado "núcleo duro", do
primeiro mandato de Lula, a virar alvo da Operação, José Dirceu voltou à
carceragem da PF
Com a prisão de José Dirceu, todo o trio que comandou o País
em meados da década passada está detido agora. O ex-presidente Lula, preso no
último dia 7 de abril, teve como principais nomes no início de seu mandato
Dirceu, chefe da Casa Civil de 2003 a 2005, e Antonio Palocci, ministro da
Fazenda de 2003 a 2006.
Dirceu coordenou a vitoriosa campanha de Lula em 2002, após
três derrotas seguidas do petista em eleições presidenciais, e logo assumiu a
articulação de seu governo.
Palocci, então prefeito de Ribeirão Preto (SP), atuou na
eleição na elaboração do programa petista e foi nomeado para a Fazenda em um
período em que a gestão da economia pelo PT era vista com muita desconfiança.
Suas propostas de moderação e ajustes fiscais eram um trunfo
para obter credibilidade junto ao mercado. À época, Dirceu e Palocci eram
especulados como possíveis sucessores de Lula e disputavam prestígio.
O chefe da Casa Civil foi o primeiro a sair de cena. Após ser
acusado pelo então deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) no escândalo do
mensalão, em junho de 2005, deixou o ministério de Lula e voltou à Câmara.
Acabou cassado no mesmo ano e não voltaria mais a ocupar cargos públicos. Em
2012, foi condenado à prisão pelo Supremo Tribunal Federal no caso.
Palocci se manteve no governo por mais alguns meses. Deixou a
Fazenda em março de 2006, em meio a suspeitas de ter atuado na quebra do sigilo
bancário de um caseiro que havia relatado sua presença em reuniões com
lobistas. Elegeu-se deputado federal naquele ano e assumiu a Casa Civil no início
do governo Dilma, em 2011.
Os caminhos dos três voltaram a se encontrar com a
deflagração da Operação Lava-Jato. Dirceu foi o primeiro a se tornar alvo da
operação, após acordos de delação que o apontavam como beneficiário de
pagamentos em contratos entre empreiteiras e a Petrobras. Foi preso
preventivamente na operação em agosto de 2015 e condenado em 2016, mas obteve
um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal em maio de 2017.
Lula foi alvo de mandado de condução coercitiva na Lava-Jato
em março de 2016 e virou réu no Paraná em setembro daquele ano acusado de
receber propina da empreiteira OAS com a reforma e reserva de um tríplex em
Guarujá (SP). Foi condenado em 2017 e apelou em liberdade, mas teve a prisão
decretada no início do mês com o esgotamento de seus recursos na segunda
instância. A pena imposta é de 12 anos e um mês.
Palocci está preso preventivamente desde setembro de 2016 sob
suspeita de gerenciar propina da empreiteira Odebrecht a favor do PT. Foi
condenado em 2017 a 12 anos e dois meses de prisão, em caso ainda não julgado
na segunda instância. Entre os três, apenas ele disse publicamente ter cometido
irregularidades. Em setembro do ano passado, prestou um depoimento a Moro em
que afirmou que Lula tinha um "pacto de sangue" com a empreiteira
Odebrecht.
O ex-ministro da Fazenda negocia um acordo de colaboração com
a Lava-Jato, não concretizado. Está detido no mesmo prédio da sede da PF no
Paraná que abriga Lula, embora os dois não tenham contato na prisão.
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