Vítima e local onde aconteceu
Procedimentos, circunstâncias e
detalhes técnicos. Mas algo já se pode afirmar: um erro resultou na morte de
Giselle Távora Araújo, 42. O policial que disparou afirmou, em depoimento, ter
mirado o pneu do carro que ela dirigia, mas a bala atingiu um pulmão da mulher.
De acordo com especialistas e com o próprio secretário da Segurança Pública do
Estado, André Costa, “em caso de perseguição, não se deve efetuar disparos”.
As informações dão conta de que
policiais militares (PMs) do motopatrulhamento receberam denúncia de roubo de
carro e suspeitaram se tratar do veículo dirigido por Giselle, de cor e modelo
semelhante (HB20 branco). A abordagem desastrosa aconteceu na noite de
segunda-feira, 11, na Avenida Oliveira Paiva, e a vítima faleceu na manhã de
ontem.
Segundo a filha de Giselle, que
também estava no carro, a mãe não teria atendido à solicitação de parar, feita
pelos policiais, por medo. Ela pensava que um assalto acontecia no carro logo
atrás.
A irmã de Giselle, Clara Moura
Fontoura Távora, afirmou que o relato da filha da vítima é de que mais de um
tiro foi disparado, que os agentes de Segurança estavam encapuzados
e usavam armas longas. “Ela parou no sinal e eles (PMs) já balearam,
eles já vinham atirando. A filha dela disse que era um assalto no carro de
trás, não sabiam que era com ela”, reconta Clara. Já com Giselle baleada, as
duas conseguiram estacionar o veículo e foram, então, abordadas pelos PMs.
O relato repassado por Clara é de
que a
filha de Giselle foi colocada de joelhos enquanto pedia que a mãe fosse
socorrida. “Depois que viram ela banhada de sangue chamaram a
ambulância que ia passando. Tinha uma paramédica”.
A Controladoria Geral de
Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD) apenas
afirmou que o policial foi ouvido na noite da ocorrência. Ontem, durante
entrega de 125 motos para a Polícia, o secretário André Costa destacou as dificuldades
de trabalho dos policiais e afirmou que erros acontecem também em outras
categorias profissionais. “Ainda é muito no início para fazer afirmações. Mas,
a gente confia muito no trabalho dos nossos policias. Em qualquer Polícia do
mundo, não só no Brasil, a gente vê situações como essa, em que talvez tenha
havia algum erro, algum equívoco”, ponderou, ressaltando que disparos
durante perseguições só devem ser efetuados caso haja risco a alguma vida.
No mesmo evento, o governador
Camilo Santana (PT) defendeu que a Academia Estadual de Segurança Pública
(Aesp) é uma das melhores do País. “Esse caso específico, tomei conhecimento,
determinei apuração do fato para que sejam apresentadas as justificativas. É
lamentável, mas tudo deverá ser investigado e identificados os motivos dessa
fatalidade”.
Giselle tinha dois filhos, de 13
e 19 anos. Era graduada em Pedagogia e cursava Administração. Após confirmação
da morte, a família autorizou a doação das córneas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário