sexta-feira, 20 de julho de 2018

Ordem para esquartejar e decapitar rivais assassinados partiu da cúpula do PCC

Corpos esquartejados ou decapitados são encontrados com frequência em Fortaleza

Dezenas de corpos humanos esquartejados ou decapitados foram encontrados em matagais, terrenos baldios, ruas e até avenidas de Fortaleza e da Região Metropolitana nos últimos meses. As mutilações se tornaram uma marca dos crimes de morte ordenados por traficantes. A explicação para tamanha crueldade vem das autoridades do Ministério Público de São Paulo. No ano passado, a cúpula de uma das facções ordenou que os inimigos fossem assim mortos.
“Picotar é o de praxe. Se não der certo, arranca só a cabeça”. Segundo o MP-SP a ordem para tal crueldade foi dada pela cúpula da facção criminosa paulista Primeiro Comando da Capital (PCC) precisamente no dia 7 de outubro de 2017, durante uma conferência por celular da qual participaram apenas os chefes da organização criminosa. Ainda de acordo como o MP, constam crimes de tal ordem praticados em “sessões de julgamento” realizados em todo o país pelo PCC e seus grupos aliados em outros estados como Ceará, Roraima, Amapá e Mato Grosso, por exemplo.
No Ceará, o PCC se aliou à facção local Guardiões do Estado (GDE), para os enfrentamentos na guerra armada contra seu principal inimigo, o Comando Vermelho (CV). Assim, a ordem de “picotar” (esquartejar) os inimigos se estendeu para as duas facções aliadas. Em contrapartida, o CV também adotou a mesma medida e o resultado disso tem sido as decapitações e esquartejamentos constantes na Grande Fortaleza. O caso mais recente aconteceu há apenas três dias, quando os cadáveres de dois jovens foram deixados “picotados” nas margens de um açude no bairro Limoeiro, em Pacajus.
Os esquartejamentos e decapitações  são também filmados pelos assassinos e os vídeos dos atos macabros expostos ao público nas redes sociais e aplicativos de celular, como forma de demonstração de força dos grupos criminosos. Também são uma forma que os “faccionários” encontram para desafiar o estado.

Cadáveres no mangue - Um dos casos de maior repercussão em Fortaleza aconteceu no mês de março passado, quando os corpos de três jovens foram localizados no mangue do Rio Ceará, no trecho que corta o bairro Vila Velha, na zona Oeste da Capital. A Polícia identificou as vítimas como sendo Nara Aline Mota de Lima, Darciele Anselmo de Alencar e Ingrid Teixeira Pereira. Depois de sequestradas na Barra do Ceará por bandidos de uma facção, as três jovens foram levadas para o mangue onde passaram por uma sessão de torturas.
Depois, mortas a tiros e seus corpos despedaçados a golpes de facão e atirados no rio. Durante cerca de uma semana, bombeiros, policiais e voluntários se revezaram nas buscas aos corpos, que somente foram encontrados na manhã do dia 2 de março, uma semana após o sequestro.
Mais recentemente, outras mulheres jovens morreram da mesma forma. A adolescente Ana Cecília Pires Martins, 15 anos, conhecida como “Princesinha”, foi sequestrada, morta e decapitada após aparecer em um vídeo em aplicativos junta com comparsas, consumindo drogas, exibindo armas e desafiando uma facção rival no Distrito de Jurema, em Caucaia.  Dois dias depois, o corpo em pedaços  de “Princesinha” foi deixado pelos criminosos em um matagal na Travessa Thomaz Cavalcante, no bairro Autran Nunes.
No mês passado, os corpos de duas jovens foram encontrados também esquartejados e decapitados na Estrada do Garrote, na zona rural de Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), no intervalo de apenas uma semana.

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