Corpos esquartejados ou
decapitados são encontrados com frequência em Fortaleza
Dezenas de corpos humanos esquartejados ou decapitados foram
encontrados em matagais, terrenos baldios, ruas e até avenidas de Fortaleza e
da Região Metropolitana nos últimos meses. As mutilações se tornaram uma marca
dos crimes de morte ordenados por traficantes. A explicação para tamanha
crueldade vem das autoridades do Ministério Público de São Paulo. No ano
passado, a cúpula de uma das facções ordenou que os inimigos fossem assim
mortos.
“Picotar é o de praxe. Se não der certo, arranca só a cabeça”.
Segundo o MP-SP a ordem para tal crueldade foi dada pela cúpula da facção
criminosa paulista Primeiro Comando da Capital (PCC) precisamente no dia 7 de
outubro de 2017, durante uma conferência por celular da qual participaram apenas
os chefes da organização criminosa. Ainda de acordo como o MP, constam crimes
de tal ordem praticados em “sessões de julgamento” realizados em todo o país
pelo PCC e seus grupos aliados em outros estados como Ceará, Roraima, Amapá e
Mato Grosso, por exemplo.
No Ceará, o PCC se aliou à facção local Guardiões do Estado
(GDE), para os enfrentamentos na guerra armada contra seu principal inimigo, o
Comando Vermelho (CV). Assim, a ordem de “picotar” (esquartejar) os inimigos se
estendeu para as duas facções aliadas. Em contrapartida, o CV também adotou a
mesma medida e o resultado disso tem sido as decapitações e esquartejamentos
constantes na Grande Fortaleza. O caso mais recente aconteceu há apenas três
dias, quando os cadáveres de dois jovens foram deixados “picotados” nas margens
de um açude no bairro Limoeiro, em Pacajus.
Os esquartejamentos e decapitações são também filmados pelos assassinos e os
vídeos dos atos macabros expostos ao público nas redes sociais e aplicativos de
celular, como forma de demonstração de força dos grupos criminosos. Também são
uma forma que os “faccionários” encontram para desafiar o estado.
Cadáveres no mangue - Um dos casos de maior repercussão em
Fortaleza aconteceu no mês de março passado, quando os corpos de três jovens
foram localizados no mangue do Rio Ceará, no trecho que corta o bairro Vila
Velha, na zona Oeste da Capital. A Polícia identificou as vítimas como sendo
Nara Aline Mota de Lima, Darciele Anselmo de Alencar e Ingrid Teixeira Pereira.
Depois de sequestradas na Barra do Ceará por bandidos de uma facção, as três
jovens foram levadas para o mangue onde passaram por uma sessão de torturas.
Depois, mortas a tiros e seus corpos despedaçados a golpes
de facão e atirados no rio. Durante cerca de uma semana, bombeiros, policiais e
voluntários se revezaram nas buscas aos corpos, que somente foram encontrados
na manhã do dia 2 de março, uma semana após o sequestro.
Mais recentemente, outras mulheres jovens morreram da mesma
forma. A adolescente Ana Cecília Pires Martins, 15 anos, conhecida como
“Princesinha”, foi sequestrada, morta e decapitada após aparecer em um vídeo em
aplicativos junta com comparsas, consumindo drogas, exibindo armas e desafiando
uma facção rival no Distrito de Jurema, em Caucaia. Dois dias depois, o corpo em pedaços de “Princesinha” foi deixado pelos criminosos
em um matagal na Travessa Thomaz Cavalcante, no bairro Autran Nunes.
No mês passado, os corpos de duas jovens foram encontrados
também esquartejados e decapitados na Estrada do Garrote, na zona rural de
Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), no intervalo de apenas uma
semana.
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