Dos presídios de SP, líderes
comandam negócios da facção em todo o país
Um relatório da Polícia Civil de
São Paulo afirma que a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital)
possui lideranças atuantes em todos os Estados do País.
“Em regra, cada Estado pode ter
até quatro pessoas ocupando esta função, sendo que pelo menos uma deve estar
presa", diz o documento. "Todos os Estados do país possuem, portanto,
pelo menos um geral do estado.”
O relatório traz um diálogo entre
um suposto integrante da facção identificado como “Geral do Estado”, sob o
apelido de Revolução: “É o seguinte, são 26 estados né, mano”.
A divisão geográfica estabelecida
pelo PCC não corresponde à divisão territorial instituída no país. Segundo as
investigações da Polícia Civil, a facção divide o Brasil em quatro territórios
dominados: Resumo dos Estados do Norte, comandado pelo líder “Confusão”, preso
em Santo André (SP); Resumo dos Estados Centrais, comandado por
"Thiaguinho ou Robinho"; Resumo dos Estados do Nordeste, liderado
pelo membro “vulgo Gilmar”; e Resumo dos Estados do Sul e MS, sob o comando de
“Kaike”, preso em Presidente Venceslau.
O membro que exerce essa função
pode estar preso ou solto. A condição de liberdade ou reclusão, segundo o
documento, não determina seu desempenho no posto. Mas, pelo menos, um
integrante da célula deve estar "recolhido", ou seja, dentro do
sistema prisional.
As lideranças dos Estados,
segundo a polícia, tinham como padrão entrar em contato com os líderes em São
Paulo diariamente, na parte da manhã e da noite, para fazer uma espécie de
prestação de contas, descrever crimes e relatar todas as atividades nos
estados.
Com a decretação do regime
disciplinar diferenciado dos líderes na Penitenciária de Presidente Venceslau,
no interior de São Paulo e o isolamento no Presídio de Segurança Máxima de
Presidente Bernardes, novos líderes foram eleitos para desempenhar funções
estratégicas.
Entre os líderes em Presidente
Venceslau, seis detentos ocupam a posição de "Sintonia de Outros Estados e
Países", ordenando assassinatos, movimentação de dinheiro e armas, distribuídas
para integrantes vinculados direta ou indiretamente (por meio de grupos aliados)
à organização em todo o País.
Por meio de identificação da
caligrafia de cartas, a Polícia Civil concluiu que essas pessoas são
responsáveis por ordenar homicídios, rebeliões, incêndios em fóruns, orquestrar
a distribuição de armamento e fomentar a prática de “terror social”.
Sintonia Geral de Outros Estados
- Fora dos presídios, estão os chamados “ponteiros”: membros em liberdade e
subordinados diretamente à "Sintonia Final" da organização. O
relatório da Polícia Civil mostra que o cargo de “Resumo Disciplinar dos
Estados” é ocupado por pessoas que têm responsabilidade em atividades de
gerenciamento, controle, auditoria e julgamentos de fatos em diferentes regiões
do país.
Um "RDE" cuida de 5 a 7
estados e tem poder sobre os integrantes locais, podendo acionar um RDE de
outra região para a tomada de uma decisão coletiva.
O relatório afirma que
“percebe-se que a estrutura doméstica de Paulista do PCC não suportaria o
número de demandas, então ocorrem as nomeações das pessoas que ficariam
responsáveis por um Estado, em seguida por vários Estados, até a formação
definitiva do núcleo Sintonia Geral de Outros Estados”.
Em um diálogo descrito no
relatório, o membro denominado “Revolução” informa que em “Minas Gerais, Paraná
e Mato Grosso do Sul é tudo nosso, onde eles só caçam (membros do CV). Mas que
Alagoas, Ceará, Paraíba, Tocantins, Rio Grande do Norte o ‘bambu tá
estralando’. Pisou na rua tem que estar ligeiro, pois se mata ou se morre”.
Embora o PCC não tenha atuação
hegemônica no Mato Grosso e Rio de Janeiro, a Polícia Civil investiga ações em
andamento nesses Estados. Apesar de existirem membros atuando em nome da
organização criminosa, esses Estados ainda são controlados massivamente pela
facção rival Comando Vermelho.
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