Marcos William Camacho, o
"Marcola", líder do PCC, ordenou ataques e mortes em 2017
Uma investigação realizada pelo
Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) comprovou que a maior facção
criminosa em atuação no Brasil, o Primeiro Comando da Capital (PCC), montou uma
nova estrutura para avançar agora nos presídios femininos brasileiros e até
ensinar as detentas da facção a produzir bombas, artefatos a serem utilizados
em atentados a autoridades, policiais e prédios públicos. Além disso, por ordem do comando da facção,
ao menos 100 assassinatos teriam sido praticados em 13 estados brasileiros,
incluindo o Ceará.
Conforme o MP-SP, o PCC montou
uma espécie de “Setor de Recursos Humanos” para recadastrar seus integrantes em
todo o país e avançou sobre as unidades penitenciárias que abrigam mulheres. O
objetivo é torná-las aptas para também atacar o sistema Penal, autoridades
policiais e prédios públicos sempre que a cúpula da organização determinar uma
onda de ataques. Em recente
investigação, o órgão denunciou 70 homens e cinco mulheres por ataques
criminosos nos 13 estados.
Foi através de “grampos”
telefônicos (escuta telefônica devidamente autorizada pela Justiça), que os
promotores descobriram os novos “investimentos” do PCC no País. Cartas apreendidas
em alguns presídios de São Paulo também foram fundamentais para que os
investigadores descobrissem as ordens dos ataques e como eles deveriam ser
praticados nos 13 estados no ano passado.
Segundo o MP-SP, tudo partiu de ordens de criminosos que fazem parte da
cúpula do PCC e que atualmente estão cumprindo pena na Penitenciária de
Presidente Venceslau, na Região Oeste de São Paulo.
Mortes no Ceará - A
denúncia do MP foi resultante da “Operação Echelon” e formou um calhamaço de
569 páginas assinada pelo promotor de Justiça, Lincoln Gajika. Ela mostra que
após Marcos William Herbas Camacho, o “Marcola”, ser internado em Regime
Disciplinar Diferenciado (RDD), em dezembro de 2016, uma cúpula interina passou
a mandar no dia a dia da facção, inclusive ordenando mortes de integrantes da
própria organização criminosa por motivos diversos.
Foi o caso, por exemplo, no
Ceará, onde dois bandidos considerados da cúpula da organização foram
executados em fevereiro passado, numa emboscada cujo plano criminoso incluiu até
a utilização de um helicóptero. A morte dos traficantes Rogério Jeremias de
Simone, o “Gegê do Mangue”; e de Fabiano
Alves de Sousa, o “Paca”, teria sido ordenada de dentro da
penitenciária.
Os dois homens foram executados
sumariamente na tarde do dia 16 de fevereiro na comunidade indígena Lagoa da
Encantada, em Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). A dupla vinha tendo uma vida luxuosa no
Ceará.
Na semana passada, a Polícia
capturou um bandido cearense suspeito de ter participado da trama que resultou
na morte de “Gegê do Mangue” e de “Paca”. Trata-se de Valdimilson Ferreira Lima
Júnior, o “Júnior Mombaça”.
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