quarta-feira, 5 de setembro de 2018

VÍDEO FLAGROU - Promotores investigam tortura de adolescente por policiais


O medo de uma nova investida de policiais militares fez com que um adolescente e sua mãe fossem embora do bairro Bela Vista, na periferia de Fortaleza. Não por menos. Na terça-feira, 28, o garoto de 15 anos de idade foi personagem de um vídeo onde aparece sendo torturado por dois policiais.
Sem saber que estavam sendo filmados, os dois militares da Companhia de Policiamento Cães ou da Força Tática da PM asfixiam o adolescente e o afogam despejando água de um garrafão médio da cor verde.
Não fosse uma testemunha anônima e as imagens de um telefone celular, a sessão de tortura ocorrida em um terreno baldio de uma zona pobre da capital cearense, provavelmente, seria ignorada.
As cenas foram parar no smartphone do procurador Geral da Justiça (PGJ) do Ceará, Plácido Rios. Depois da comprovação de que as imagens tinham sido registradas em Fortaleza, Rios determinou que uma comissão de promotores investigasse o caso. "É um delito bárbaro, chocante e que precisa ser urgentemente apurado e, exemplarmente, punido", afirma.
Cinco promotores do Núcleo de Investigação Criminal (Nuinc) acompanharão "em conjunto ou separadamente" o desenrolar do inquérito policial que está na Delegacia de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente (Dceca). E, segundo a portaria 5850/2018, assinada por Plácido Rios, adotarão "providências que estiverem a cargo do Ministério Público (MP)".
De acordo com Humberto Ibiapina, um dos promotores de justiça que integra o Nuinc, além de monitorar o inquérito policial, a comissão do MP também estará em contato com a Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança e Sistema Penitenciário do Ceará (CGD). Na CGD foi aberto um procedimento de investigação disciplinar para apurar a conduta dos policiais militares apontados como envolvidos na tortura do adolescente.
Em nota, o secretário da Segurança Pública do Ceará, André Costa, informou que os dois PMs envolvidos nas cenas não estão presos administrativamente. Eles não tiveram os nomes divulgados pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS).
De acordo com a comunicado, o "Comando da Polícia Militar do Ceará (PMCE) decidiu pela retirada dos policiais envolvidos na citada ocorrência do serviço operacional (na Bela Vista). Os PMs permanecerão em serviço administrativo até a conclusão das  investigações".
Além da investigação na Dceca, foi determinado pelo secretário André Costa que comando da PM instaurasse um inquérito policial militar.
A nota da SSPDS informa ainda que "os profissionais são treinados para atuar obedecendo aos princípios da legalidade, necessidade, proporcionalidade, moderação e conveniência do uso progressivo da força por parte dos agentes de Segurança Pública" no Brasil. As normas são previstas na Portaria nº 4.226/2010 do Ministério da Justiça e do ministro Chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.
André Costa afirmou que "não compactua com atos de violência nem que afrontam a dignidade humana".

VÍDEO - As imagens que mostram as cenas brutais de tortura do garoto de 15 anos no bairro Bela Vista ganharam as redes sociais terça-feira, 28 de agosto.

CONTROLADORIA DESCONHECE DENÚNCIA - Em nota, a CGD informou que não divulga nome de policiais durante a fase de investigação dos casos.
Segundo moradores da área onde ocorreu a tortura, PMs voltaram ao bairro na tentativa de identificar quem gravou as imagens da tortura com o celular.
A CGD afirmou que até o momento "não recebeu nenhuma denúncia de coação por parte dos moradores relacionados aos fatos contidos no vídeo".
Caso seja identificada qualquer coação, será instaurado procedimento disciplinar e criminal. A CGD lembra que "as testemunhas fazem jus ao Programa Estadual de Proteção à Testemunha (Provita)".
Quanto à denúncia de invasão de domicílios por parte PMs, a Controladoria "esclarece que, ao ser formalizada uma denúncia, determina apuração do fato na busca de indícios de autoria e materialidade visando a responsabilização disciplinar".

O flagrante - AS IMAGENS do vídeo mostram que pelo menos cinco policiais estão no local onde o garoto foi torturado.

Asfixia - DOIS aparecem participando diretamente da violência. Um dos PMs está sentado sobre o adolescente e o asfixia, o outro derrama água no rosto da vítima.

Cena - Um terceiro, em pé próximo à cena, só observa a ação. Um quatro PM fala ao telefone e o quinto militar, mais distante, parece procurar algo.

AGORA VEJA O VÍDEO

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