quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Perícia confirma queimadura de segundo grau em jovem que denunciou PMs por tortura

PMs do Choque no local do crime: três foram reconhecidos
PMs do Choque no local do crime - Três foram reconhecidos

Um laudo pericial preliminar feito por médicos da PM detectou uma queimadura de segundo grau no pênis de um jovem que denunciou policiais do Batalhão de Choque por uma sessão de tortura na Baixada Fluminense. Nesse tipo de lesão, o segundo na escala de gravidade, a epiderme e parte da derme são atingidas. O homem é um dos quatro moradores de Belford Roxo que relataram ter sido vítimas de agressões por parte dos agentes dentro de um condomínio próximo à Favela da Guacha na última sexta-feira.
O rapaz é o dono do apartamento onde a sessão de tortura aconteceu, segundo os relatos das vítimas. Ele é cabeleireiro e, por isso, tinha uma prancha para fazer chapinha no cabelo em casa. Os jovens contaram à Corregedoria que um dos PMs, após obrigar os rapazes a tirarem as roupas, ligou na tomada uma prancha de cabelo e queimou o pênis do cabeleireiro.
Ao todo, exames realizados pelo Núcleo de Perícia da Corregedoria constataram lesões em três das quatro vítimas. Durante a perícia, foi detectada uma lesão com sangramento no pescoço de um dos jovens. Em outra vítima, os peritos coletaram um pedaço de látex próximo ao ânus. O material foi encaminhado para perícia.
A sessão de tortura, que durou quatro horas, teria como objetivo, segundo os depoimentos que fazem parte da investigação, obter informações sobre a localização de armas e drogas no condomínio. Três jovens afirmam que foram abordados pelos agentes na parte externa do condomínio e, depois, conduzidos ao apartamento do cabeleireiro. Como não respondia às perguntas dos PMs, o mesmo jovem foi sufocado com um saco plástico.
Os outros jovens dizem ter sido vítimas de choques, socos e chutes, e também afirmam que os PMs introduziram um cabo de vassoura com um preservativo em seus ânus. Os agentes são acusados ainda de, após a tortura, terem roubado relógios, dinheiro e cordões dos jovens. Três dos policiais foram identificados pelas vítimas. A Corregedoria vai pedir à Justiça as prisões dos policiais acusados.

Nenhum comentário:

Postar um comentário