segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Tribunal deve decretar prisão de oficial da PM que matou delegado da Polícia Civil

Aubert (à esquerda) com o prefeito de Milagres, que o nomeou para a Segurança

O Tribunal de Justiça do Estado do Ceará poderá decretar, nos próximos dias, a prisão preventiva do atual secretário da Segurança Pública do Município de Milagres, Georges Aubert dos Santos Freitas, oficial da Polícia Militar, condenado pelo assassinato de um delegado da Polícia Civil.

O crime ocorreu há 14 anos e, embora condenado a 13 anos de prisão, o PM permanece solto e exercendo um cargo público. Há duas semanas ele teria chefiado a operação desastrosa em Milagres que terminou na morte de seis pessoas tomadas como refém por uma quadrilha de assaltantes de bancos.

O pedido de prisão para o tenente Georges Aubert está nas mãos da desembargadora Marlúcia de Araújo Bezerra.  O oficial, mesmo prestes a ir para a cadeia, continua exercendo uma função pública enquanto sua defesa recorre permanentemente das decisões judiciais.

Segundo o prefeito de Milagres, Lielson Landim (PDT), em entrevistas de rádio, seu secretário foi um dos responsáveis pelo comando do cerco aos assaltantes na madrugada do dia 7 último, quando a quadrilha atacou a cidade e foi surpreendida com a presença da Polícia. No confronto armado, oito bandidos e seis reféns acabaram mortos.

Condenado - Georges Aubert foi julgado pelo Tribunal do Júri, em Fortaleza, em novembro de 2016 e condenado a 13 anos de cadeia, além da perda do cargo na PM. Foi acusado de, na madrugada do dia 4 de julho de 2004, ter assassinado o delegado de Polícia Civil, Jorge Ferreira Mendes. O crime aconteceu durante uma festa no Parque de Vaquejadas “O Mateus”, localizado no Município de Nova Jaguaribara.

O delegado foi morto a tiros pelo oficial. Na época, Georges Aubert era comandante do Destacamento da PM e tinha uma rixa com o delegado. Durante a festa, o PM chefiava um efetivo de 33 militares e o delegado estava de folga, e foi ao Parque de Vaquejadas se divertir com amigos. Em meio à festa, os dois entraram em uma discussão, ocasião em que o delegado sacou de sua arma e disparou um tiro no braço do militar. Aubert revidou e baleou Mendes.

Nas investigações, a Polícia ouviu diversas testemunhas e todas informaram que, além de ferir Mendes com tiros à queima-roupa, o oficial retardou propositadamente o socorro médico ao delegado, mantendo-o algemado e preso num “camburão” da PM na porta do Hospital de Jaguaribe por cerca de uma hora, tempo necessário para que o delegado não resistisse aos ferimentos.

Com a morte de Mendes, o inquérito acabou por indiciar o então tenente Georges Aubert e um dos policiais militares que o acompanhavam no momento do crime (soldado PM Antônio Wanderlon Sousa), e que cumpriu a ordem de manter o delegado ferido no “camburão” da PM até que ele morresse, mesmo estando a viatura parada na porta do hospital de Jaguaribe. No Júri, o soldado acabou sendo absolvido.  Já o oficial, recorreu contra a sentença.

No último dia 17 de outubro, o Tribunal de Justiça, através de sua Segunda Câmara Criminal, julgou em segundo grau mais um recurso da defesa do oficial e manteve a decisão (pela condenação) do Júri Popular.  Em seu voto a favor da manutenção da condenação, a desembargadora Marlúcia Bezerra foi enfática ao afirmar que: “houve uma conduta comissiva do réu de impedir a adoção de providências médicas que pudessem salvar a vida da vítima e, contra essa conduta do sentenciado, a vítima não teve a menor possibilidade de se defender, uma vez que já estava gravemente ferida, algemada e submetida aos caprichos revanchistas do acusado”.

Ainda assim, Georges Aubert continua trabalhando na área da Segurança Pública, enquanto a família do delegado e sua classe esperam o fim da impunidade.

FONTE – cn7.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário