
Aubert (à esquerda) com o
prefeito de Milagres, que o nomeou para a Segurança
O Tribunal de Justiça do Estado do Ceará poderá decretar, nos próximos
dias, a prisão preventiva do atual secretário da Segurança Pública do Município
de Milagres, Georges Aubert dos Santos
Freitas, oficial da Polícia Militar, condenado pelo assassinato de um delegado
da Polícia Civil.
O crime ocorreu há 14 anos e, embora condenado a 13 anos de prisão, o
PM permanece solto e exercendo um cargo público. Há duas semanas ele teria chefiado a operação desastrosa em Milagres
que terminou na morte de seis pessoas tomadas como refém por uma quadrilha de
assaltantes de bancos.
O pedido de prisão para o tenente Georges Aubert está nas mãos da
desembargadora Marlúcia de Araújo Bezerra.
O oficial, mesmo prestes a ir para a cadeia, continua exercendo uma
função pública enquanto sua defesa recorre permanentemente das decisões
judiciais.
Segundo o prefeito de Milagres,
Lielson Landim (PDT), em entrevistas de rádio, seu secretário foi um dos
responsáveis pelo comando do cerco aos assaltantes na madrugada do dia 7
último, quando a quadrilha atacou a cidade e foi surpreendida com a presença da
Polícia. No confronto armado, oito bandidos e seis reféns acabaram mortos.
Condenado - Georges Aubert foi julgado pelo Tribunal
do Júri, em Fortaleza, em novembro de 2016 e condenado a 13 anos de cadeia,
além da perda do cargo na PM. Foi acusado de, na madrugada do dia 4 de julho de
2004, ter assassinado o delegado de Polícia Civil, Jorge Ferreira Mendes. O
crime aconteceu durante uma festa no Parque de Vaquejadas “O Mateus”,
localizado no Município de Nova Jaguaribara.
O delegado foi morto a tiros pelo oficial. Na época, Georges Aubert era
comandante do Destacamento da PM e tinha uma rixa com o delegado. Durante a
festa, o PM chefiava um efetivo de 33 militares e o delegado estava de folga, e
foi ao Parque de Vaquejadas se divertir com amigos. Em meio à festa, os dois
entraram em uma discussão, ocasião em que o delegado sacou de sua arma e
disparou um tiro no braço do militar. Aubert revidou e baleou Mendes.
Nas investigações, a Polícia ouviu diversas testemunhas e todas informaram
que, além de ferir Mendes com tiros à queima-roupa, o oficial retardou
propositadamente o socorro médico ao delegado, mantendo-o algemado e preso num
“camburão” da PM na porta do Hospital de Jaguaribe por cerca de uma hora, tempo
necessário para que o delegado não resistisse aos ferimentos.
Com a morte de Mendes, o inquérito acabou por indiciar o então tenente
Georges Aubert e um dos policiais militares que o acompanhavam no momento do
crime (soldado PM Antônio Wanderlon Sousa), e que cumpriu a ordem de manter o
delegado ferido no “camburão” da PM até que ele morresse, mesmo estando a
viatura parada na porta do hospital de Jaguaribe. No Júri, o soldado acabou
sendo absolvido. Já o oficial, recorreu
contra a sentença.
No último dia 17 de outubro, o Tribunal de Justiça, através de sua Segunda
Câmara Criminal, julgou em segundo grau mais um recurso da defesa do oficial e
manteve a decisão (pela condenação) do Júri Popular. Em seu voto a favor da manutenção da
condenação, a desembargadora Marlúcia Bezerra foi enfática ao afirmar que: “houve uma conduta comissiva do réu de impedir
a adoção de providências médicas que pudessem salvar a vida da vítima e, contra
essa conduta do sentenciado, a vítima não teve a menor possibilidade de se
defender, uma vez que já estava gravemente ferida, algemada e submetida aos
caprichos revanchistas do acusado”.
Ainda assim, Georges Aubert continua trabalhando na área da Segurança
Pública, enquanto a família do delegado e sua classe esperam o fim da
impunidade.
FONTE – cn7.com.br
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