Os dias foram de medo - Quem mora
próximo à barragem, teve que sair de casa
Foram quatro dias de constante medo. Desde o anúncio do risco de
rompimento do Açude Granjeiro, situado entre as cidades de Ubajara e Ibiapina,
até a abertura do novo sangradouro, na manhã de ontem (19), se passaram 73
horas. Hoje, a rotina começou a voltar ao normal. As 513 famílias que vivem à
margem do rio, e próximo ao açude, retornaram gradualmente a suas casas.
Elas deixaram suas residências, na noite de sábado (16), quando a
Defesa Civil e a Agência Nacional de Águas (ANA) constataram "risco
elevado" de rompimento da barragem, construída há 35 anos. A medida foi
adotada após o reservatório atingir sua cota máxima pela primeira vez na
história e começou a sangrar. A força da água pôs em perigo a estrutura do
açude. Com o risco iminente de rompimento, mais de três mil pessoas que moram
próximo à barragem tiveram que deixar suas casas.
Ontem, operários iniciaram o processo de abertura de um vertedouro de 4
metros de extensão por 10 metros de altura como medida emergencial para evitar
o rompimento da barragem. Às 11h47, o trabalho com o objetivo de reduzir o
volume de água foi finalizado. A expectativa, de acordo com a Agência Nacional
de Açudes (ANA), é que ocorra redução de 2 metros do nível da água, o que
representa 50% de sua capacidade total.
De acordo com especialista da
ANA, a partir do meio-dia de hoje, isto é, 24 horas após a conclusão dos
trabalhos, as famílias que foram retiradas da área de risco poderão retornar
aos seus imóveis. Algumas famílias nem esperaram e já retornaram às suas casas
no fim da tarde de ontem.
Responsabilidade - Por se tratar de um açude particular, da
empresa Agroserra, e nenhum órgão público fazer o usufruto de suas águas, o
reservatório Granjeiro não é monitorado pela Cogerh. "Sua manutenção é de
inteira responsabilidade do proprietário que, ao longo de décadas, foi
negligente com os cuidados requisitados ao açude. Sem acompanhamento técnico e
somado às chuvas fortes que caíram na região nas últimas semanas, o açude
encheu e passou a apresentar "risco elevado à população", conforme
analisou o relatório da ANA.
Conforme a Agência, o proprietário da empresa Agroserra, Avelino Forte,
deverá arcar com os custos da obra do vertedouro. "O montante empregado
para a abertura do novo sangradouro será apropriado e judicialmente cobrado ao
proprietário do reservatório". Os custos totais, no entanto, não foram
revelados. Emergencial, a obra foi custeada pelos governos municipal e
estadual.
O prefeito de Ubajara, Renê Vasconcelos, disse que todos os gastos da
operação estão sendo contabilizados e serão ressarcidos ao Município pela
Defesa Civil Nacional e pela Agência Nacional de Águas.
Futuro - Após a estabilização da parede e a eliminação
completa de todos os riscos, a ANA estudará uma alternativa para o
reservatório. Caso ele não seja apropriado pelo poder público, que passaria a
ter gerência sobre a manutenção, a tendência é que o açude seja completamente
esvaziado.
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