O português Carlos Miguel,
delator dos crimes ocorridos na Divisão de Combate ao Tráfico de Drogas (DCTD),
foi condenado pela Justiça Federal
Um esquema de corrupção estruturado dentro de uma das maiores unidades
da Polícia Civil do Ceará (PCCE) tem por trás um homem considerado um
traficante internacional de anabolizantes. O português Carlos Miguel de
Oliveira Pinheiro, delator dos crimes ocorridos na Divisão de Combate ao
Tráfico de Drogas (DCTD), foi condenado à prisão por falsificar, corromper,
adulterar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais, pela
Justiça Federal no Ceará.
A sentença da 12ª Vara Federal, publicada no Diário da Justiça
Eletrônico da última segunda-feira (22), definiu a pena de quatro anos e sete
meses para o réu, em regime semiaberto, com direito de apelar em liberdade. O
magistrado chegou a determinar uma pena de dez anos de reclusão, mas a reduziu
em consideração ao acordo de delação premiada (que prevê a diminuição da pena
pela metade) e o tempo que o acusado esteve preso (cerca de 11 meses).
Prisão - Carlos Miguel foi preso em flagrante pela
DCTD em 16 de outubro de 2015, em um apartamento no bairro Aldeota, área nobre
de Fortaleza. No local e em outro imóvel no Porto das Dunas, em Aquiraz, a
Especializada apreendeu uma grande quantidade de medicamentos, como hormônios
sintéticos, remédios para hipertrofia, abortivos, testosterona, hormônios da
tireoide e até remédio para nanismo - que uma unidade custa entre R$ 3 mil e R$
8 mil. Os produtos eram trazidos para o Ceará em um fundo falso da mala.
Delação - O português procurou o Ministério Público
Federal (MPF) e entrou em acordo de colaboração premiada, em 2016, para
denunciar uma série de irregularidades cometidas pelos policiais civis da DCTD.
A delação resultou na Operação Vereda, deflagrada pela Polícia Federal (PF), em
dezembro de 2017, para desarticular o suposto esquema criminoso existente
dentro da Polícia Civil.
Carlos Miguel foi abordado por policiais ao menos três vezes. Na
primeira, em maio de 2015, os agentes de segurança teriam entrado no apartamento
do português para efetuar uma busca e recolhido R$ 90 mil em espécie,
anabolizantes avaliados em R$ 50 mil, perfumes, lençóis e celulares.
Em outubro do mesmo ano, os policiais teriam voltado ao imóvel e
exigido R$ 25 mil do suspeito para ele não ser preso. Como não efetuou o
pagamento, Carlos foi detido. Após sete meses preso, o português voltou a ser
algemado pela Especializada em junho de 2016, em um "flagrante
forjado", com medicamentos que já haviam sido apreendidos, segundo a denúncia
do MPF.
A Operação Vereda cumpriu mandados contra três delegados e 13
inspetores suspeitos de participação no esquema criminoso. Os policiais
respondem a procedimentos nas searas criminal e administrativa e estão
afastados das funções investigativas. As apurações da PF levaram a uma nova
fase da Operação, a 'Vereda Sombria', deflagrada em julho de 2018, com a prisão
de 11 policiais.
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