sexta-feira, 17 de maio de 2019

Iguatu - Reunião define prosseguimento para coleta de testemunhos de graças atribuídas à menina Maria Augusta

Foi realizada na manhã da última quinta-feira, 16, na casa do bispo emérito da Diocese de Iguatu, dom José Mauro Ramalho, uma reunião com o objetivo de dar continuidade aos trabalhos de coleta de dados e depoimentos sobre Maria Augusta, que foi assassinada pelo próprio pai, em 23 de junho de 1965, aos 14 anos, após resistir as tentativas de sedução, no sítio São Joaquim, zona rural deste Município, na região Centro-Sul do Ceará.
Em novembro de 2017, o bispo da Diocese de Iguatu, dom Édson de Castro Homem, determinou que o pároco da Igreja Matriz de Senhora Sant’Ana, Carlos Roberto Alencar, colhesse depoimentos de parentes e amigos de Maria Augusta e de pessoas que relatam graças alcançadas por intercessão dela.
Participaram da reunião, o bispo emérito, dom José Mauro Ramalho, os padres, João Batista Moreira, Gilberlândio José da Silva, monsenhor Afonso Queiroga, o ex-prefeito, Elpídio Cavalcante, e o promotor de Justiça, Leidomar Nunes Pereira.
“Vamos elaborar um documentário a partir de relatos de pessoas que conviveram com Maria Augusta, com aquelas que relatam graças, curas alcançadas”, disse José Elpídio Cavalcante.
O bispo emérito, dom José Mauro Ramalho, espera avanços nos trabalhos e chama Maria Augusta de “a nossa santinha”.
O promotor de Justiça, Leidomar Nunes Pereira, está em busca do processo sobre o crime de Maria Augusta e Elpídio Cavalcante em busca de notícias nos jornais da época.
A ideia do bispo é, a partir da coleta de relatos e de outras fontes históricas, analisar a possibilidade de abertura do processo de beatificação, que deve ser autorizado pela Santa Sé.

Túmulo mais visitado - O túmulo de Maria Augusta é o mais visitado no Cemitério Senhora Sant’Ana, nesta cidade, ao longo do ano e, em particular, no Dia de Finados. As pessoas depositam flores, acendem velas e fazem orações. Há dezenas de relatos de graças alcançadas. Recentemente, uma família fez uma reforma na sepultura por agradecimento. Outros fazem a visita, mesmo sem conhecer bem a história da tragédia familiar que repercutiu em Iguatu em meados da década de 1960.
O escritor Cícero Cruz, que publicou um livreto sobre a vida de Maria Augusta, em 2009, acredita que a vinda de um piloto argentino a Iguatu, na década de 1970, com um relato impressionante, despertou a atenção dos moradores, que começaram a visitar o túmulo. “Houve um acidente aéreo. O piloto fez uma prece e conseguiu pousar a aeronave sem vítimas e viu uma jovem na asa do avião que teria dito ser Maria Augusta de Iguatu”, contou. “Esse homem visitou Iguatu, conversou com parentes, contou a história e queria construir uma capela, mas infelizmente não guardaram dados sobre ele”.
Cruz fez entrevistas e publicou a obra motivado pelos relatos da história e das graças alcançadas que ouvia da avó, da mãe e de visitantes ao túmulo. “Há uma senhora que colheu vários relatos, está idosa, e um dia me disse: ‘Meu filho, temos uma santa em Iguatu’. Isso demonstra a crença e a fé de muitas pessoas”. Segundo as informações do escritor, a maioria das promessas é feita para cura em crianças e adolescentes.

Testemunho - O irmão da vítima, Raimundo Augusto contou que passou pelo pai, José Augusto da Silva, na época com 58 anos, momentos antes do crime, vindo para a cidade. A irmã, estava em casa, na zona rural. “Momentos depois soube do ocorrido e vim com a Polícia e vi minha irmã morta, a golpes de roçadeira”, contou emocionado. “Mamãe falava para a gente sobre as intenções de papai, mas ninguém acreditava”.
O crime ocorreu em 23 de junho de 1965. Maria Augusta tinha 14 anos de idade.
José Augusto fugiu e foi preso no sítio Ambrósio, em Acopiara, após perseguição policial. Foi transferido para Fortaleza e até hoje a família não tem informação sobre o pai. A mãe, com quatro filhos homens e duas mulheres passaram a morar na cidade de Iguatu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário