quarta-feira, 1 de maio de 2019

Traficante Talvane foi morto duas semanas após ser condenado por matar ex-comparsa

Traficante Talvane Teixeira, vida de crimes - Do tráfico de drogas a sequestro e mortes

A morte do traficante Francisco Talvane Teixeira, na última sexta-feira (26), em Fortaleza, abre mais um capítulo na guerra entre grupos antagônicos do crime organizado no Ceará.  O bandido foi fuzilado na presença de seus dois advogados quando estava em um restaurante na zona Leste da Capital.  O crime foi filmado e as imagens agora fazem parte do quebra-cabeça que terá que ser montado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) para chegar aos assassinos – mandante e executores.
Talvane foi morto com 15 tiros de pistola, a maioria, no rosto. Os quatro criminosos que liquidaram o traficante e seqüestrador usaram pistolas de calibre Ponto 40 (.40) e 9 milímetros, segundo comprovou a Perícia Forense do Ceará (Pefoce).


Inimigo - A morte do bandido que dominava o comércio de drogas na cidade de Itapipoca, na Zona Norte do estado, abalou a cidade. A população tinha no bandido uma espécie de guardião. Desde que entrou para a vida de crimes, Talvane escolheu Itapipoca como seu reduto e ali não aceitava crimes como assaltos e roubos contra os moradores. Também não permitiu a entrada de facções no Município. O ladrão que ousasse entrar no caminho do bandido ou agisse em Itapipoca logo recebia o recado do traficante para ir embora.
Pistas apontam que bem perto dali, na cidade de Trairi, o criminoso fez inimigos e teria sido ameaçado, mesmo com sua fama de chefe do crime.
O assassinato do criminoso ocorreu apenas duas semanas após ele ser julgado e condenado pela morte de um ex-comparsa e que acabou se tornando seu concorrente e inimigo. Talvane foi condenado  a 15 anos de prisão, inicialmente em regime fechado, pelo assassinato de outro traficante, Francisco Martins Soares, conhecido por “Chiquinho”. Foi condenado pela prática de homicídio triplamente qualificado e associação criminosa. O crime ocorreu em Itapipoca, no dia 8 de janeiro de 2007.
Conforme revelam os arquivos dos órgãos de Inteligência, Talvane era integrante de uma organização criminosa e liderava o tráfico de entorpecentes com a distribuição de drogas trazidas de São Paulo pelo então comparsa, Francisco Martins Soares. Porém, este deixou de ser subordinado a Talvane, passando a assumir a condição de concorrente, devido aos lucros gerados pela atividade ilícita. A disputa pelo controle do tráfico de entorpecentes na região de Itapipoca motivou o crime.
Talvane comandou, em 2006, de dentro do presídio Instituto Professor Olavo Oliveira (IPPOO), o sequestro do empresário Ricardo Rolim, dono da revenda de veículos Crasa.  Na época, acabou preso numa operação da Polícia Civil através do Departamento de Inteligência Policial (DIP) e da Divisão Antissequestro (DAS).
Além disso, graças ao resultado da “Operação Pedra Lascada”, deflagrada em 14 de setembro de 2009, pela Polícia Federal, com o apoio do MPCE e da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social, Talvane foi condenado a nove anos de prisão por sua participação no assalto à empresa de segurança e transporte de valores Corpvs. O roubo teria rendido cerca de R$ 6 milhões aos acusados. Porém, por este crime, ele cumpria a pena em regime semi-aberto.

O advogado - Com duas semanas de condenado, Talvane permanecia em liberdade e foi executado sumariamente na presença de seus dois advogados, entre eles, Paulo Cauby  Batista Lima, ex-delegado da Polícia Federal, preso em  junho de 2003 por envolvimento no crime organizado,  segundo investigações da própria PF. 
Em outubro de 2009, Paulo Cauby perdeu o cargo, acusado de vazar informações sobre o trabalho da PF para o doleiro Alexander Diógenes Ferreira Gomes, que era investigado por envolvimento em crimes de lavagem de dinheiro.

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