Traficante Talvane Teixeira, vida
de crimes - Do tráfico de drogas a sequestro e mortes
A morte do traficante Francisco Talvane Teixeira, na última sexta-feira
(26), em Fortaleza, abre mais um capítulo na guerra entre grupos antagônicos do
crime organizado no Ceará. O bandido foi
fuzilado na presença de seus dois advogados quando estava em um restaurante na
zona Leste da Capital. O crime foi
filmado e as imagens agora fazem parte do quebra-cabeça que terá que ser
montado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) para chegar
aos assassinos – mandante e executores.
Talvane foi morto com 15 tiros de pistola, a maioria, no rosto. Os
quatro criminosos que liquidaram o traficante e seqüestrador usaram pistolas de
calibre Ponto 40 (.40) e 9 milímetros, segundo comprovou a Perícia Forense do
Ceará (Pefoce).
Inimigo - A morte do bandido que dominava o comércio
de drogas na cidade de Itapipoca, na Zona Norte do estado, abalou a cidade. A
população tinha no bandido uma espécie de guardião. Desde que entrou para a
vida de crimes, Talvane escolheu Itapipoca como seu reduto e ali não aceitava
crimes como assaltos e roubos contra os moradores. Também não permitiu a
entrada de facções no Município. O ladrão que ousasse entrar no caminho do
bandido ou agisse em Itapipoca logo recebia o recado do traficante para ir
embora.
Pistas apontam que bem perto dali, na cidade de Trairi, o criminoso fez
inimigos e teria sido ameaçado, mesmo com sua fama de chefe do crime.
O assassinato do criminoso ocorreu apenas duas semanas após ele ser
julgado e condenado pela morte de um ex-comparsa e que acabou se tornando seu
concorrente e inimigo. Talvane foi condenado a 15 anos de prisão, inicialmente em regime
fechado, pelo assassinato de outro traficante, Francisco Martins Soares,
conhecido por “Chiquinho”. Foi condenado pela prática de homicídio triplamente
qualificado e associação criminosa. O crime ocorreu em Itapipoca, no dia 8 de
janeiro de 2007.
Conforme revelam os arquivos dos órgãos de Inteligência, Talvane era
integrante de uma organização criminosa e liderava o tráfico de entorpecentes
com a distribuição de drogas trazidas de São Paulo pelo então comparsa,
Francisco Martins Soares. Porém, este deixou de ser subordinado a Talvane,
passando a assumir a condição de concorrente, devido aos lucros gerados pela
atividade ilícita. A disputa pelo controle do tráfico de entorpecentes na região
de Itapipoca motivou o crime.
Talvane comandou, em 2006, de dentro do presídio Instituto Professor
Olavo Oliveira (IPPOO), o sequestro do empresário Ricardo Rolim, dono da
revenda de veículos Crasa. Na época,
acabou preso numa operação da Polícia Civil através do Departamento de
Inteligência Policial (DIP) e da Divisão Antissequestro (DAS).
Além disso, graças ao resultado da “Operação Pedra Lascada”, deflagrada
em 14 de setembro de 2009, pela Polícia Federal, com o apoio do MPCE e da
Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social, Talvane foi condenado a nove
anos de prisão por sua participação no assalto à empresa de segurança e
transporte de valores Corpvs. O roubo teria rendido cerca de R$ 6 milhões aos
acusados. Porém, por este crime, ele cumpria a pena em regime semi-aberto.
O advogado - Com duas semanas de condenado, Talvane
permanecia em liberdade e foi executado sumariamente na presença de seus dois
advogados, entre eles, Paulo Cauby
Batista Lima, ex-delegado da Polícia Federal, preso em junho de 2003 por envolvimento no crime
organizado, segundo investigações da
própria PF.
Em outubro de 2009, Paulo Cauby perdeu o cargo, acusado de vazar
informações sobre o trabalho da PF para o doleiro Alexander Diógenes Ferreira
Gomes, que era investigado por envolvimento em crimes de lavagem de dinheiro.
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