Dez PMs foram presos no início do
mês

A operação que cumpriu 10 mandados de prisão contra policiais militares
no início deste mês aponta a existência de uma organização criminosa formada
por policiais e traficantes no bairro Bom Jardim. Foi levantado nesta semana o
segredo de Justiça sobre o caso. O Ministério Público Estadual (MPCE) elencou
16 episódios criminosos atribuídos aos PMs, todos ocorridos em 2016.
Oito dos PMs foram presos em 2 de agosto, enquanto os outros dois já
estavam presos — incluindo aquele que, segundo o MPCE, é o líder da organização
criminosa, o sargento Jeovane Moreira Araújo.
As investigações do MPCE começaram durante a operação Saratoga,
deflagrada em 2017, que tinha como alvo inicial integrantes do Primeiro Comando
da Capital (PCC).
Nas interceptações telefônicas, o MP identificou, entre outros crimes,
que o sargento Jeovane tinha relações com Francisco Márcio Teixeira Perdigão,
condenado por diversos crimes, como tráfico de drogas, e apontado como principal
liderança do PCC no Ceará.
Jeovane já foi condenado, em primeira instância, a 10 anos de prisão
por extorsão mediante sequestro. Outras escutas permitiram ao MPCE flagrar
novas condutas entendidas como criminosas. Os promotores afirmam que Jeovane
contava com apoio de outros policiais que atuavam na região em crimes como
tráfico de drogas e corrupção passiva. São eles: o tenente Edmilson de Souza
Amaro (repassaria informações "privilegiadas" à organização), os
sargentos Glaydson Eduardo Saraiva (citado em três fatos), Oziel Pontes da
Silva (citado em dois fatos), Paulo Rogério Bezerra do Nascimento (citando em
um), Émerson Moura de Brito (citado em um) e Francisco Paulo do Nascimento
Júnior (citado em um); o cabo José Carlos Holanda Filho (citado em um) e os
soldados Cleverton Andrade dos Santos (citado em dois) e Jayrton Rodrigues da
Silva (citado em um). Um 11º primeiro policial ainda foi flagrado, mas faleceu
antes da oferta da denúncia.
Jeovane é citado diretamente em 14 dos 16 episódios elencados pelo MP.
"A célula policial seria responsável por prestar apoio aos criminosos
associados, objetivando a neutralização da concorrência no comércio de
entorpecentes, ao mesmo tempo em que se locupletava com propinas, informações
privilegiadas e, até mesmo, com a revenda de materiais apreendidos, inclusive
drogas e armas, numa espécie de consórcio do crime", acusa o MP, conforme
a decisão judicial que aceitou a denúncia.
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