quinta-feira, 14 de novembro de 2019

CRIANÇA DE 11 ANOS - Coronel da PM e a namorada dele são denunciados por estupro de criança

Conforme a investigação, os crimes teriam se iniciado em 2014, quando a vítima tinha apenas 6 anos - Primeira audiência de instrução do caso já está marcada 

Resultado de imagem para Coronel da PM e namorada denunciados por estupro de criança
O coronel da Polícia Militar do Ceará (PMCE) Jaime de Paula Pessoa Neto, de 53 anos, e a namorada dele, a universitária Lorena Bezerra de Melo, 37, são réus pelo crime de estupro de vulnerável, cometido contra uma familiar da mulher (o grau de parentesco não será revelado para não identificar a vítima), de 11 anos. Em decisão proferida no dia 1º de novembro último, a 12ª Vara Criminal da Comarca de Fortaleza ratificou o recebimento da denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE) e marcou a primeira audiência de instrução do processo para o dia 23 de março de 2020. A ação penal corre sob sigilo de Justiça.
Conforme documentos, a investigação desenvolvida pela Delegacia de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente (Dececa), da Polícia Civil, aponta que os estupros teriam se iniciado em 2014, quando a menina tinha apenas 6 anos. Mas o crime foi denunciado pela mãe da vítima, através de Boletim de Ocorrência (B.O.), somente no dia 10 de maio deste ano.
De acordo com o B.O., a criança revelou à família ter sofrido abuso sexual após assistir a um vídeo educativo na escola. A menina contou detalhes dos atos obscenos, cometidos pela parente e pelo namorado dela, que muitas vezes eram acompanhados de filmes pornográficos na televisão. Segundo o relato feito aos investigadores, a vítima apresentou tumores e manchas brancas nos órgãos genitais, meses antes da denúncia.
A criança corroborou com a denúncia, em depoimento prestado à Polícia Civil no dia 13 de maio deste ano. Segundo ela, o casal fazia sexo na sua frente e também a tocava. "Disse que Jaime sempre pedia para ela que não contasse nada para ninguém, dizendo-lhe o seguinte: 'Você é só minha! Isso é só meu!'", descreve o termo de declaração da vítima. O militar teria o costume de presentear a menina, com ovo de Páscoa por exemplo, e de dar dinheiro para a namorada comprar outros mimos para a garota no shopping.
Os exames realizados pela Perícia Forense do Ceará (Pefoce) no corpo da vítima não encontraram esperma e atestaram que a membrana himenal e o ânus da mesma estavam íntegros. Apesar dos resultados, a Dceca indiciou o coronel PM Jaime Neto e Lorena de Melo, no dia 9 de setembro deste ano.

Defesa - Os réus negam o cometimento dos crimes. Ao ser interrogado pela Polícia Civil, o coronel contou que Lorena era uma espécie de "governanta" da sua residência e se tornou namorada em março de 2019. Quanto à menina, ele teria conhecido no Réveillon de 2018, e, somente a partir dessa data, ela teria passado a frequentar a sua residência. O oficial acrescentou que tem uma filha adolescente e que se acostumou a conviver com outras crianças, familiares de ex-companheiras, sem o registro de denúncias anteriores.
Já a universitária afirmou que passava os fins de semana com a menina e a levava para a casa do namorado porque a mãe da mesma a abandonava em casa, inclusive sem alimentação. A acusada contou que já teria cobrado à mãe da menina sobre a situação e pensava até em pedir a guarda da criança na Justiça. Lorena acredita que a cobrança teria sido a motivação das "falsas acusações" contra o casal.

Reserva - No depoimento prestado à Polícia Civil, o coronel Jaime Neto informou que está nos quadros da Polícia Militar do Ceará há 34 anos e afirmou que é um "militar vocacionado". De acordo com publicações do Diário Oficial do Estado (DOE), o PM já foi comandante de um Batalhão da Polícia Militar em Fortaleza, trabalhou na segurança da presidência do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), foi chefe da Coordenadoria de Defesa Social, da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), e esteve na Casa Militar do Governo do Estado.
Na Casa Militar, o réu chefiou a Unidade Militar da Vice-Governadoria, entre julho de 2018 e junho de 2019 - um mês após o início das investigações por estupro de vulnerável. Antes, em março deste ano, o militar foi promovido a coronel. E, depois, foi transferido para a Reserva Remunerada e não está mais exercendo funções na Instituição, segundo a própria Polícia Militar.

Administrativamente - A Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD) informou que "determinou a instauração de Investigação Preliminar para a devida apuração do fato na seara administrativa, estando esta, atualmente, em andamento. As investigações possuem caráter reservado".
A defesa do coronel, no processo criminal, afirma que o cliente "apresenta inúmeros destaques em sua trajetória profissional, ao longo da qual prestou relevantes serviços à nossa Segurança Pública". E cita um exemplo de um trabalho realizado pelo oficial, em um Conselho Comunitário, em que "foi solucionado o problema de mais de 50 crianças que se encontravam em situação de risco no Terminal da Lagoa, com o cadastramento, localização dos pais, fornecimento de alimentação e encaminhamento a abrigos".

Nenhum comentário:

Postar um comentário