Emerson Alves Feitosa, de 16
anos, foi morto há quase dois anos. Onze policiais são investigados por
envolvimento no crime
O inquérito que apura se 11 policiais militares mataram
intencionalmente o adolescente Emerson Alves Feitosa, de 16 anos, em Fortaleza,
foi devolvido à Polícia Civil, que terá mais 90 dias para investigar o caso.
Emerson foi morto no dia 26 fevereiro de 2018, na Comunidade Babilônia,
na capital cearense. Militares alegam que reagiram a tiros disparados contra o
carro que utilizavam na ação. No entanto, segundo testemunhas, ninguém atirou
no veículo.
A decisão sobre a devolução do inquérito foi tomada pela Justiça
Estadual, no dia 24 de janeiro, após pedido do Ministério Público do Ceará
(MPCE). O promotor de Justiça responsável pelo caso solicitou que a delegacia
colete o depoimento de um policial militar suspeito de participar da morte, de
familiares do jovem assassinado e de dois adolescentes que ficaram feridos na
ação policial.
Questionado, o Ministério Público reforçou a importância das
informações solicitadas e alegou que "o andamento do processo cumpre os
prazos processuais determinados pela Justiça".
Policiais envolvidos - Os PMs
suspeitos de participar do homicídio eram lotados, à época, no Grupo de Ações
Táticas Especiais (Gate). São eles:
Capitão José Azevedo Costa Neto - Sargento André Ponte Gomes - Sargento
Edson Nascimento do Carmo - Sargento Jorge André Ribeiro da Silva - Cabo Alex
Teixeira Rogério - Cabo Weslley Sousa de Araújo - Cabo Marlos Amaury Castelo
Bezerra Filho - Cabo João Marcos Leitão da Costa - Cabo Francisco Lopes dos
Santos - Cabo Jonas Siqueira da Costa Neto - Soldado Eriston de Santana
Francisco.
No inquérito, os militares defenderam que um grupo armado atirou contra
a composição policial, que precisou reagir. Emerson Feitosa morreu durante a
troca de tiros.
O Inquérito Policial Militar (IPM), conduzido pela própria Instituição,
concluiu, no dia 20 de junho de 2018, que a morte se deu em decorrência de intervenção
policial e que "não existem indícios de crime militar praticado pelos
investigados".
Um dos sobreviventes contou outra versão à Polícia Civil, afirmando que
"não viu nenhum dos seus conhecidos atirando contra policiais e nem contra
a viatura". Ele revelou que "teme por sua integridade física".
Baseado no depoimento do jovem e nos exames cadavérico [do jovem morto]
e de corpo de delito [dos sobreviventes], o Ministério Público concluiu que
"os ferimentos causados pelos disparos possuem características de tiros
feitos à curta distância (execução), visto que, ao redor das lesões há zonas de
esfumaçamento (queimada ou encrostada), indicando a proximidade dos disparos
realizados pelos militares".
Devido aos indícios de homicídio doloso (quando há intenção de matar),
o promotor pediu que o caso fosse transferido para a Justiça Comum, e a Justiça
Militar aceitou.
No âmbito administrativo, o caso é investigado pela Controladoria Geral
de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD).
Jovem de 16 anos foi morto na
Comunidade Babilônia em Fortaleza, no dia 26 de fevereiro de 2018
Tragédia em Milagres - Quase dez meses após a morte do adolescente
Emerson Feitosa, dois PMs suspeitos no crime se envolveram em outras mortes. O capitão José Azevedo e o sargento Edson
Carmo são acusados de homicídio no episódio conhecido como Tragédia em
Milagres, que deixou 14 mortos no município cearense, sendo seis reféns, no dia
7 de dezembro de 2018. A dupla foi afastada das funções policiais por
determinação da CGD.
Outro militar que liga os dois episódios é o coronel Cícero Henrique
Beserra Lopes. Ele é réu por fraude processual no caso de Milagres e um dos
responsáveis pelo Inquérito Policial Militar que isentou os policiais na morte
do adolescente na Comunidade Babilônia, no qual concluiu que "nem
transgressão disciplinar existe por parte dos militares investigados".
Nenhum comentário:
Postar um comentário