Dados da Secretaria da Segurança
Pública e Defesa Social (SSPDS), apontam que houve redução de quase 94%
Estado empregou disciplina mais
rígida para tentar controlar o sistema penitenciário
O Sistema Penitenciário do Ceará apresentou redução no número de
homicídios dolosos ocorridos em unidades prisionais do estado durante o período
de 2018 a 2019. Enquanto, há dois anos atrás, foram registrados 49 assassinatos
em locais de privação de liberdade; em 2019, foram contabilizados três mortes violentas,
uma redução de 93,8%.
Enquanto em 2018 houve registro de assassinatos em 18 municípios
cearenses - incluindo a chacina de Itapajé, que deixou dez mortos na Cadeia
Pública do município -, em 2019 houve assassinatos nas cidades de Fortaleza, Guaraciaba
do Norte e Caridade.
De acordo com o secretário da Administração Penitenciária, Mauro
Albuquerque, que assumiu a pasta em janeiro do ano passado, a redução no número
de mortes ocorreu por uma série de razões. "A partir do momento que a
gente controla as unidades prisionais, faz uma vigilância aproximada,
procedimento, qualquer situação que aconteça, a gente intervém de imediato. Nós
salvamos várias vidas nesse ano de 2019. O preso está sob tutela do Estado, e a
gente tem que proteger a vida dele".
Briga entre facções resulta em 10
presos assassinados na Cadeia Pública de Itapajé em 2018
De acordo com Mauro Albuquerque, a presença do estado nos presídios
ocorreu por causa de políticas implementadas pelo governo estadual. “É um
conjunto de ações. As cadeias, às vezes, tinham um agente para tomar conta. Se
ele visse um matando o outro, o que ele ia fazer? Hoje, há vários agentes,
houve o fechamento (das cadeias públicas do interior), a tirada dos celulares,
cortando a comunicação imediata, causa um retardo geral nessa situação”.
Cadeias fechadas no interior
O titular da SAP afirma que, em decorrência do fechamento das cadeias
públicas do interior do Ceará, houve reagrupamento de 800 agentes, além dos
mais de 600 pessoas convocadas por meio de concurso público.
“É uma força de trabalho de mais de 1.400 agentes, então, com isso
distribuído, nós reforçamos a operação dentro das unidades prisionais”.
Atualmente, de acordo com Mauro Albuquerque, há 14 cadeias em funcionamento no
estado.
Inconsistências
Advogado é preso suspeito de
levar mensagem de criminoso após visita a presídio no Ceará
Por outro lado, dados do Departamento Penitenciário Nacional (Depen),
do Ministério da Justiça e Segurança Pública, repassados pelo governo do estado
sobre as mortes em presídios no ano de 2018, mostram números inferiores aos 49
casos registrados pela Secretaria da Segurança Pública.
No sistema, há a marcação de 33 óbitos criminais, três óbitos
naturais/por motivos de saúde, um por suicídio e 43 com causa desconhecida
durante os meses daquele ano. Já em 2019, com informações colhidas até junho,
havia sido contabilizado apenas um homicídio doloso no sistema penitenciário
cearense, além de 13 óbitos naturais, quatro suicídios e cinco por razões
desconhecidas.
Denúncias de tortura - Apesar da redução nos números de mortes violentas no Ceará, a Pastoral
Carcerária recebe denúncias de tortura no Sistema Penitenciário, mesmo após o
Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT), do governo
federal, ter constatado indícios do crime.
Na visão da Pastoral, as torturas ocorrem por “decisão política da
gestão”. “É um crime hediondo, mas os órgãos que estão responsáveis estão
silenciosos, omissos”.
Na visão do secretário, porém, há total respeito à dignidade humana e
os casos denunciados são em razão de brigas entre os internos.
“Eles usam um ou outro preso que se machucou durante o confronto como
se fosse um ato contínuo e não é. O que eu mais despacho para a CGD
(Controladoria Geral de Disciplina) são apurações e a gente apura o mais rápido
possível para poder ser bem transparente. O Judiciário e o Ministério Público
são responsáveis pelas investigações, e a gente tem dado todo um suporte para
isso ser esclarecido. Se houve desvio de função, vai ser apurado”.
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