Em um mês de quarentena, foram
387 assassinatos contra 189 mortes pelo coronavírus
Os assassinatos assustam mais a
população que o risco de contaminação pelo covid-19
Em um mês desde que foi decretado pelo governo o isolamento social no
Ceará, entre os dias 19 de março e 19 de abril, o estado contabilizou exatos
387 assassinatos, enquanto a pandemia do coronavírus causou 189 óbitos. O
número de homicídios é mais que o dobro das mortes de pacientes infectados, de
acordo com o cruzamento de dados da Segurança e da Saúde.
Com comércio e indústria fechados e a queda brutal da arrecadação de
ICMS e de outros impostos por conta das medidas de isolamento social contra o coronavírus,
o governo do Ceará montou um plano de
contingenciamento de gastos, e uma das
medidas adotadas foi o corte de verba na
Segurança Pública.
Com a decisão de reduzir a cota
de combustíveis pela metade na Segurança Pública, pátios e estacionamentos de
quartéis e de delegacias das polícias Militar e Civil estão repletos de
viaturas paradas. A ordem é
evitar gastos e o policiamento da Capital e sua Região Metropolitana está comprometido.
O número de patrulhas em circulação foi reduzido pela metade em todas
as 22 Áreas Integradas de Segurança (AIS) do estado. A exceção são os Comando Especializada
de Policiamento de Choque e o de Rondas de Ações Intensivas e Ostensivas
(CPRAio).
A redução de gastos de combustíveis atinge também as viaturas do Corpo
de Bombeiros Militar e as aeronaves da Coordenadoria Integrada de Operações
Aéreas (Ciopaer). Os deslocamentos dos helicópteros, por exemplo, só devem
aconteceu em casos considerados de “altíssima prioridade” e, ainda assim, com
autorização direta da SSPDS e não apenas da Coordenadoria Integrada de
Operações de Segurança (Ciops).
Cortes - No âmbito da Polícia Civil, foram
determinados cortes de gastos em água, energia elétrica, materiais de cartório
e, principalmente, de combustíveis. Cada delegacia deve permanecer com apenas
uma viatura (ostensiva) em operação. Inspetores e delegados devolveram as
chaves das viaturas descaracterizadas, segundo fontes da instituição. Também
foram cortadas gratificações como diárias de viagem e premiações por apreensão de
armas e munições. Outro corte atingiu as aulas (suspensas) de cursos na
Academia Estadual de Segurança Pública (Aesp).
No fim de semana, dezenas de policiais militares que antes trabalhavam
nas viaturas foram deslocados para o policiamento à pé em terminais de
passageiros e outros logradouros como praças e ruas do Centro da cidade, mesmo
com o comércio esvaziado e a maioria de estabelecimentos com portas fechadas.
Enquanto as ruas estão sem praticamente policiamento, os casos de
roubos (assaltos) e homicídios aumentaram desde o inicio da quarentena.
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