domingo, 12 de julho de 2020

Justiça decide levar policial militar e outro homem a julgamento por homicídio em Fortaleza

Defesas já ingressaram com recursos no Tribunal de Justiça - Episódio foi um dos desencadeadores da Chacina da Messejana, crime pelo qual o mesmo militar também é réu

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A Justiça Estadual do Ceará decidiu levar um policial militar e outro homem a julgamento por um homicídio e uma tentativa de homicídio, no Bairro Curió, na Grande Messejana, em Fortaleza, em 2015. As defesas dos réus já ingressaram com recursos contra a decisão, no Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE).
A decisão de levar a dupla a julgamento foi proferida pela 4ª Vara do Júri, no dia 13 de abril deste ano, mas foi disponibilizada para publicação no Diário da Justiça Eletrônico apenas no dia 16 de junho último.
Conforme a acusação do Ministério Público do Ceará (MPCE), o soldado da Polícia Militar do Ceará (PMCE) Marcílio Costa de Andrade e Giovanni Soares dos Santos (namorado de uma sobrinha do PM) mataram o adolescente Francisco de Assis Moura de Oliveira Filho, conhecido como ‘Neném’, de 16 anos, e balearam o pedreiro Raimundo Cleiton Pereira da Silva, então com 39, na noite de 25 de outubro de 2015.
Raimundo Cleiton havia questionado duas mulheres (inclusive uma irmã de Marcílio) sobre um boato de que a namorada do pedreiro teria entrado em um motel com outro homem. O militar viu a cena, não gostou e bateu com uma arma de fogo na boca e no tórax do homem.
O pedreiro procurou uma viatura da PM para denunciar a agressão e ligou para a Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops). ‘Neném’ e Pedro Anderson Alves Domingos – que teriam envolvimento com o tráfico de drogas na região – ficaram sabendo e, armados, ameaçaram o pedreiro por ter chamado a Polícia, o que poderia “causar problemas” no local.
Neste momento, segundo o MPCE, Marcílio e Giovanni chegaram atirando contra o trio, e apenas Pedro Anderson não foi atingido.

Defesas dos réus - A defesa de Marcílio, afirma que o caso “não aconteceu da forma que está posta na sentença de pronúncia. A defesa entende que ele (PM) agiu com a excludente de ilicitude, repeliu uma injusta agressão”.
Já de Giovanni, alega que “ele (cliente) estava próximo da cena do crime, mas não participou do evento”.
Mais dois homens foram acusados pelo Ministério Público por participação nos crimes, mas não serão levados a julgamento: Pedro Anderson, por tentativa de homicídio contra Raimundo Cleiton; e o irmão de Pedro, Francisco Alan Alves Domingos, por porte ilegal de arma de fogo de uso permitido, por emprestar a arma a Giovanni.
A 4ª Vara do Júri enviou o processo contra Pedro Anderson para uma Vara Criminal, para ele responder apenas pelo crime de porte ilegal de arma de fogo. Enquanto Francisco Alan foi assassinado a tiros, na Messejana, no dia 17 de março de 2019.

Chacina da Messejana - O episódio teria sido um dos desencadeadores da Chacina da Messejana, que deixou 11 pessoas mortas (das quais 8 eram adolescentes e a maioria não tinha passagens pela Polícia), na madrugada de 12 de novembro de 2015, e que tem o soldado Marcílio Costa de Andrade como um dos 44 policiais militares que são réus pelo crime.
De acordo com as investigações policiais, alguns episódios acirraram o clima entre PMs e traficantes na Grande Messejana, em Fortaleza, naquela época. No dia 29 de outubro de 2015, o pai de ‘Neném’ foi morto dentro de casa, e a principal suspeita se recaiu sobre a atuação de policiais.
Já na noite de 11 de novembro, horas antes da Chacina, o soldado Valtemberg Chaves Serpa foi morto em um assalto, no bairro Lagoa Redonda, próximo à Messejana.

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