Mizael Fernandes da Silva, de 13
anos, foi morto no dia 1º de julho - Os dois policiais envolvidos na ocorrência
estão afastados das suas funções
Comércio de Chorozinho amanheceu
fechado nesta terça-feira
Dois policiais militares, sendo um soldado e um sargento, são alvos de
um Inquérito Policial Militar (IPM) que apura a participação na morte do
adolescente Mizael Fernandes da Silva, de 13 anos. Um dos PMs envolvidos na
ocorrência já era investigado por torturar um homem durante diligências no
interior do Ceará, em fevereiro de 2019.
O adolescente de 13 anos foi morto na madrugada do dia 1º de julho, em
Chorozinho, na Grande Fortaleza. Conforme a família do garoto, Mizael estava
deitado, dormindo na casa da tia, quando foi brutalmente atingido por um
disparo de arma de fogo, durante diligências da Polícia Militar do Ceará.
Tortura - Contra o sargento do Comando Tático Rural
(Cotar) existe, há mais de um ano, uma investigação sobre o relato de uma
vítima, que chegou a prestar Boletim de Ocorrência, afirmando que teve a casa
invadida, foi algemado e teve a cabeça colocada dentro de um saco com água.
O objetivo da tortura seria que o homem indicasse onde estaria uma
pessoa conhecida apenas como 'Ricardo'. No depoimento, o sargento negou ter
participado desta ocorrência. Em junho de 2019 inquérito militar concluiu que
os policiais investigados não participaram do fato denunciado ou não praticaram
os atos contra aquela vítima.
Quatro meses depois o Ministério Público do Ceará se posicionou pedindo
mais diligências sobre o caso, que permanece tramitando. Mesmo sob suspeita,
ele não havia sido afastado e, continuou na ativa, até ter o nome envolvido na
ocorrência que vitimou Mizael.
Caso Mizael - Fontes ligadas à investigação do caso de
Mizael apurou que os dois policiais disseram em depoimento que a vítima estava
armada e tentava se esconder atrás de uma porta. Na versão dos agentes, eles
estavam à procura de um adolescente com histórico de atos infracionais e que,
segundo os servidores, "seria perigoso".
Consta no depoimento que chegando à casa onde estava Mizael eles
fizeram um cerco e moradores do imóvel permitiram a entrada para que fosse
feita "varredura" no local. O sargento e o soldado disseram ter
apreendido uma arma de fogo.
Questionadas sobre a apreensão desta arma de fogo, a Secretaria da
Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS) e a Controladoria Geral de
Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD) não se
posicionaram.
A CGD informou que a Delegacia de Assuntos Internos (DAI) adotou
providências necessárias para elucidar os fatos e que a ocorrência também é
objeto de apuração na seara disciplinar.
Tragédia - A família de Mizael se revolta com a versão
dada pelos policiais e pede justiça para o caso.
Os parentes alegam que os policiais modificaram a cena do crime,
retirando do local travesseiro e lençol da cama onde Mizael dormia.
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