quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Policiais retiraram veículo onde reféns foram mortos no Ceará antes de perícia

 Dois trabalhadores foram mortos a tiros quando era feitos reféns por assaltantes em Chorozinho

Funcionário de fábrica na RMF foi feito refém por criminosos e morreu durante intervenção policial

O veículo onde estavam dois reféns que terminaram mortos e dois suspeitos de um roubo, que trocaram tiros com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) no município de Chorozinho, no Ceará, foi retirado do local pela própria PRF antes da perícia chegar. A informação foi confirmada por um policial que participou da ação, em depoimento à Polícia Federal (PF).
O tiroteio aconteceu na manhã do último dia 19 de outubro. Alexandre de Souza Santiago e Clodevaldo Pacheco, funcionários de uma fábrica do ramo alimentício localizada na Grande Fortaleza, foram baleados e levados ao hospital, onde morreram.
Um policial rodoviário federal que participou da ação diz que não sabe quem deu o comando para que o veículo Volkswagen Gol, de cor prata, roubado e com as placas adulteradas, fosse retirado do local antes da perícia. A remoção foi feita por um guincho que presta serviço à PRF.
Segundo o agente de segurança, foi comentado no local que, como os feridos já tinham sido socorridos e o carro era roubado, seria necessário a remoção do automóvel, e sequer foi cogitado acionar peritos forenses.
O veículo seria levado para a Delegacia de Roubos e Furtos (DRF), da Polícia Civil do Ceará (PCCE), que investigava os criminosos. Mas, por envolver a PRF, o carro e os outros bens apreendidos terminaram sendo transportados para a sede da PF.
Questionada sobre a remoção do carro, a Polícia Rodoviária Federal não se manifestou até a publicação desta matéria.

Armas de fogo - A composição da PRF que participou da ação tinha três policiais, dos quais dois nunca tinham participado de uma troca de tiros, segundo os depoimentos prestados à PF. Um desses "estreantes" utilizou um fuzil na ação, apesar de também estar na posse de uma pistola.
Enquanto o agente que já tinha se envolvido em um tiroteio usou a única arma que tinha, uma pistola. O terceiro servidor conduzia a viatura e disse que não efetuou disparos.
Os suspeitos presos e baleados na ação foram identificados como Leandro Silva do Nascimento e Edson da Silva Nascimento. No dia seguinte, a Justiça Federal converteu a prisão em flagrante dos dois homens em prisão preventiva.
Conforme as investigações, eles são suspeitos de integrar uma quadrilha de roubo de cargas na Grande Fortaleza, que teria subtraído alimentos de um veículo da empresa do ramo alimentício e feito reféns os dois funcionários.
Leandro já respondia por homicídio, posse ilegal de arma de fogo e corrupção de menor. Já Edson teve que ficar hospitalizado após o tiroteio. A dupla foi autuada, desta vez, pelos crimes de tentativa de homicídio, resistência, roubo, receptação e porte ilegal de arma de fogo de uso permitido.
Com a dupla, foram apreendidos um revólver calibre 38, o veículo e três aparelhos celulares, que a Polícia suspeita serem frutos de roubos. Há uma inconsistência no registro da ocorrência, entretanto. Também teriam sido apreendidas cinco munições com os suspeitos, mas os policiais registraram três munições deflagradas e outras três intactas.
O fuzil e as duas pistolas da PRF e o revólver que estava na posse dos suspeitos irão passar por perícia para identificar de onde partiram os tiros que mataram Alexandre e Clodevaldo.
Em depoimento, Leandro Nascimento negou que tenha atirado sequer contra a composição policial. Já os policiais garantem que reagiram a uma "injusta agressão".

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