A decisão aconteceu após quase 14 meses desde a prisão do
suspeito, sem que a denúncia criminal contra ele fosse apresentada
O advogado Alaor Patrício Júnior, suspeito de integrar facção criminosa
e preso em flagrante na posse de bilhetes, dentro de um presídio na Grande
Fortaleza, não é mais monitorado por tornozeleira eletrônica. A medida cautelar
foi revogada neste mês de novembro, mais de um ano após a prisão de Alaor.
Conforme decisão proferida na Vara de Delitos de Organizações
Criminosas do Tribunal de Justiça do Ceará, houve tempo em excesso de
monitoramento sem que fosse apresentada denúncia criminal contra o advogado.
Promotores do Ministério Público do Ceará foram a favor da revogação desta
medida e explicaram que a denúncia ainda não foi apresentada porque aguardam
autoridade policial juntar laudos de exames.
Outras medidas cautelares contra o advogado foram mantidas na decisão
proferida na Vara de Delitos de Organizações Criminosas. Alaor permanece
proibido de frequentar qualquer presídio ou cadeia no Ceará, não pode
frequentar locais que forneçam bebidas alcoólicas, não se ausentar da comarca
onde reside por mais de oito dias sem autorização prévia da Justiça e deve
comparecer a todos os atos processuais quando convocado.
Prisão - Alaor Patrício Júnior foi preso em setembro
de 2019, em meio a uma série de ataques criminosos registrados no Ceará. O
advogado foi flagrado na saída da Casa de Privação Provisória de Liberdade
Agente Elias Alves da Silva (CPPL IV), em Itaitinga, com quase 20 bilhetes
fazendo menção ao tráfico de drogas, fuga de presos e retaliação aos devedores
de entorpecentes.
Segundo o advogado de defesa de Alaor Patrício, Francisco Marcelo
Brandão, seu cliente não é envolvido com nenhuma facção criminosa e garante que
o episódio dos bilhetes foi um caso isolado ocorrido "porque Alaor tinha
uma dívida de droga, vinha sendo ameaçado e não tinha mais como pagar".
No depoimento prestado quando preso em flagrante, o advogado suspeito
alegou ter sido obrigado a entregar bilhetes a quatro presos da CPPL IV, “pois
teme por sua vida”. Ele disse aos investigadores que não tinha conhecimento do
teor dos bilhetes e que “somente foi a unidade prisional pois estava sendo
coagido e ameaçado por pessoas que não pode declarar os nomes”.
Investigação - No dia 13 de julho de 2020, o MPCE se
manifestou pela devolução do inquérito "para que a autoridade policial
proceda à juntada de laudos de exame grafotécnico e extração de dados de
aparelho celular apreendido". Meses depois, os laudos ainda não foram
apresentados. Para os promotores do caso, a ausência da denúncia se dá
"por razões de conveniência da investigação".
A Polícia Civil informou que o inquérito policial, que tramitava na
Delegacia Metropolitana de Itaitinga, em que Alaor Patrício Junior era
investigado foi concluído e encaminhado ao Poder Judiciário. Já a Pefoce, por
meio do Núcleo de Perícias Documentoscópicas e Contábeis, disse que realizou a
perícia grafotécnica (análise da grafia) de bilhetes e enviou o laudo para a
delegacia que investiga o caso, em janeiro deste ano. Por nota, o Ministério
Público destacou que o caso segue sendo acompanhado por meio do Grupo de
Combate ao Crime Organizado.
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