segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

PM forjou doença para que carros da polícia fossem levados durante motim no Ceará

 Ele foi identificado na sede dos amotinados um dia após apresentar atestado médico


Polícia Militar do Ceará promove motim no estado em protesto por reajuste salarial 

Um policial militar do Ceará forjou uma doença para atrair dois carros de polícia a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), e eles serem levados por homens encapuzados durante o motim do início do ano passado. A informação consta de denúncia da Promotoria de Justiça Militar, do Ministério Público do Ceará (MPCE), no último dia 22 de janeiro.
A Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD) instaurou imediatamente procedimento administrativo disciplinar em desfavor do policial militar por participação no motim de 2020, tão logo recebeu o compartilhamento da denúncia do Ministério Público Estadual (MPCE) apresentada à Justiça contra o PM.
O motim de parte da Polícia Militar ocorreu entre os dias 18 de fevereiro e 2 de março em diversos municípios cearenses. Durante o período, o número de assassinatos no estado disparou. Militares envolvidos estão sendo investigados ou já foram denunciados pelo MPCE à Justiça estadual.
A denúncia foi apresentada contra o cabo da PM Alexandre Gonçalves Moreira e outros cinco militares pelo promotor Sebastião Brasilino. Conforme o documento, o suspeito arquitetou uma "trama ardilosa" para gerar uma situação em que os carros de polícia pudessem ser arrebatados.

'Dor na lombar' - O crime militar teria ocorrido em 19 de fevereiro de 2020. Segundo as investigações, consta no livro de alterações que o cabo Gonçalves estava se sentindo mal e foi levado à UPA do Bairro Sapiranga, periferia de Fortaleza. Ele apresentou atestado de saúde de sete dias em razão de uma "dor na lombar".
Contudo, ele foi identificado no dia seguinte como um dos policiais amotinados em um batalhão da PM, enquanto estava afastado por causa do atestado médico. A Assessoria de Inteligência (Asint) da Corporação teve acesso a imagens em que ele aparece participando do movimento no 18º batalhão, epicentro da paralisação no Ceará.
Conforme a denúncia, o cabo "forjou toda essa situação de 'dor na lombar' para atrair a viatura policial para o local em que ela seria arrebatada, considerando que, desde o início dos fatos, ele é um notável integrante do movimento criminoso de motim".

Carros foram danificados - Os carros de polícia levados pelos homens encapuzados - cuja ação teria sido facilitada pelo cabo e sua equipe - foram danificados na lataria, no porta-malas, no para-choque, na porta dianteira e no farol.
O cabo Gonçalves é considerado como cabeça pelo MPCE por ter provocado e dirigido a ação criminosa. Ele foi denunciado por omissão da lealdade militar, atentado contra viatura e inobservância da lei, regulamento ou instrução. A promotoria pediu ainda que ele e sua equipe sejam suspensos das funções públicas e proibidos de frequentar quartéis militares.
Na última quarta-feira (27), o militar também foi denunciado por crime de revolta militar em tempo de Paz, o qual tem pena de oito a 20 anos de prisão. O Ministério Público argumenta que ele participou ativamente do motim no 18º batalhão e tinha o dever legal de tentar cessar o movimento.
Em depoimento dado ainda no período das investigações, o cabo afirmou que “já sofre com dores na lombar há bastante tempo” e que possui laudo médico confirmando a enfermidade. Ele afirmou que, quando saiu do atendimento na unidade de saúde, já haviam levado os carros da polícia.

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