A família de Giselle, morta em junho de 2018, diz se sentir de mãos atadas e recorda que "ato foi de covardia máxima"
A morte de Giselle Távora Araújo,
42, completa três anos neste sábado (12), e o caso segue longe de ter um
desfecho na Justiça. A tragédia envolvendo a universitária vítima de uma
abordagem desastrosa da Polícia Militar do Ceará (PMCE), na Avenida Oliveira
Paiva, em Fortaleza, no dia 11 de junho de 2018, é mais um dos casos
emblemáticos que entrou para a história da sociedade cearense e permanece na
impunidade.
Mais de mil dias após o fato, o agora ex-soldado Francisco Rafael Soares Sales, acusado pelo crime, segue
solto e com paradeiro desconhecido. Em agosto de 2019 a Justiça acolheu
denúncia ofertada pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) contra o então policial.
Já em março deste ano de 2021, com intuito de acelerar o andamento do processo,
a 2ª Vara do Júri da Comarca de Fortaleza promoveu a citação do acusado.
Dois meses depois, um oficial de Justiça anexou aos autos que deixou de
citar Rafael pessoalmente por não tê-lo encontrado no endereço fornecido. Para
a família de Giselle, a liberdade do soldado acusado de efetuar o disparo que
matou a universitária quando ela estava ao lado da filha, é sinônimo de
descaso.
Do ponto de vista administrativo, Rafael teve a punição máxima. De
acordo com a Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública
(CGD), em novembro de 2019, o soldado foi expulso da Corporação. Ele recorreu
da decisão e, em novembro de 2020, o conselho ratificou a expulsão.
PERSEGUIÇÃO - A vítima transitava na companhia da filha
Daniella, em um veículo HB20s, na Avenida Oliveira Paiva, por volta das 20h. Ao
se aproximarem de um semáforo, Daniella percebeu a aproximação de uma motocicleta
e ouviu um disparo de arma de fogo.
Naquele momento, ambas pensavam que se tratava de um assalto e
decidiram não parar o veículo. Em depoimento, Daniella contou que instantes
depois olhou para sua mãe e percebeu que ela tinha sido baleada. Foi então que
ouviu gritos do lado de fora do carro e a ordem para descer do veículo, sem
saber se os gritos vinham se bandidos ou da Polícia.
Quando desceu e ficou de joelhos, o policial se aproximou e viu Giselle
sangrando. Foi então que, conforme depoimento da filha da vítima, ele
questionou o porquê delas não terem obedecido a ordem de parada da PM. Na
versão de Rafael, ele atirou em direção ao pneu do veículo.
A universitária chegou a ser socorrida pelos militares ao Instituto
Doutor José Frota (IJF), mas não resistiu aos ferimentos e morreu no dia
seguinte. Seus órgãos foram doados.
Em novembro de 2018, a Delegacia de Assuntos Internos (DAI) concluiu o
inquérito e indiciou Rafael.
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