Na abordagem, os agentes teriam
torturado jovem de 17 anos à procura de arma de fogo vista em fotografia
capturada um ano antes
O Ministério Público do
Estado do Ceará (MPCE) denunciou na última sexta-feira, 11, policiais militares
envolvidos em caso de tortura ocorrido em 27 de fevereiro de 2019 no bairro
Barroso, em Fortaleza. O órgão solicitou manifestação dos acusados e
participação em interrogatórios perante a Promotoria de Justiça Militar e
Controle Externo da Atividade Policial Militar. Depoimentos de testemunhas
envolvidas também são requeridos, de modo a esclarecer os fatos do caso e
julgar possível ação penal contra os denunciados.
Três agentes são
associados, pelo documento, ao crime de violação de domicílio qualificada e
agravada, enquanto dois deles concorrem para o crime de tortura na modalidade
comissiva. A modalidade omissiva é associada ao terceiro deles e um quarto
envolvido. São eles: Francisco Joel Pereira
Cavalcante, Lício Wherbson Baia de Queiroz, Lucas Aguiar Cavalcante e José
Lucivaldo Alves Saraiva. A denúncia ainda será recebida pela Justiça
estadual.
Processo disciplinar
foi instaurado relativo ao caso foi instaurado pela Controladoria Geral de
Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD).
Segundo a autarquia, o processo já se encontra em trâmite e almeja "devida
apuração do fato na seara administrativa". A Polícia Militar do Estado do
Ceará (PMCE) reforçou a existência do processo disciplinar, junto à CGD.
O caso - Por volta de 19h45min de 27 de
fevereiro de 2019, o jovem Edisney do Nascimento Xavier, à época com 17 anos,
teria sido abordado pelos policiais citados na denúncia em sua residência,
levado a um quarto e torturado pelos agentes. A história é corroborada por
testemunhas, incluindo irmãos da vítima, e por exame de corpo de delito que
atestou hematomas roxos por trás das orelhas e no ombro esquerdo, além de
edemas.
Os policiais teriam
justificado a abordagem como procura por arma de fogo devido a fotografia de
Edisney, capturada em novembro de 2018, segurando uma arma calibre .38. Segundo
a vítima, o item pertencia a uma pessoa com a qual não mantinha contato. Antes
de ser levado ao quarto, Edisney teria sido algemado no portão do imóvel. No
cômodo, teriam sido deferidos socos no abdômen, no rosto e no braço, inclusive
usando um alicate. Uma arma também teria sido colocada na boca de Edisney.
Oficialmente, os componentes
da viatura declararam que a abordagem “ocorreu sem maiores problemas e não
houve excessos”. Rastreamento da viatura, por parte dos autos da PM, utilizada
na ação também é considerado pela denúncia do MPCE. O veículo teria permanecido
no local por 16 minutos e 12 segundos.
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