Segundo documentos da SDS, o terceiro sargento Reinaldo
Belmiro Lins disparou o tiro de bala de borracha que tirou a visão de um dos
olhos do arrumador de contêineres Jonas Correia de França, de 29 anos, em 29 de
maio, no Recife
O terceiro sargento Reinaldo
Belmiro Lins é o principal suspeito de disparar o tiro de bala de borracha
que tirou a visão de um dos olhos do arrumador de contêineres Jonas Correia de
França, de 29 anos. O trabalhador foi ferido na violenta repressão ao protesto
pacífico contra Bolsonaro (sem partido), no Recife, dia 29 de maio.
O Boletim Geral da secretaria, publicado em 5 de junho, informou que a
Corregedoria Geral instaurou um conselho de disciplina para apurar a conduta de
Reinaldo. Outra portaria, publicada pela SDS no dia 15 de junho, detalha o
afastamento do PM do Batalhão de Choque.
O documento, assinado pelo Secretário de Defesa Social, Humberto
Freire, diz que, diante da conduta atribuída a ele, determina o afastamento
preventivo pelo prazo de 120 dias, que pode ser renovado pelo mesmo período.
A portaria afirma que a medida é necessária para garantir a fase de
instrução do processo, a ordem pública e a viabilização da correta aplicação de
uma eventual sanção disciplinar.
De acordo a própria SDS, apenas o policial identificado como autor do
tiro de elastômero, ou seja, bala de borracha que atingiu Jonas Correia, teve
afastamento disciplinar.
As portarias da SDS apontam que, dos 16 agentes de segurança afastados
devido à ação truculenta contra manifestantes e pessoas que passavam pelo local
em que o protesto ocorreu, o sargento Reinaldo Belmiro Lins foi o único
submetido ao conselho de disciplina.
Os outros 15 PMs permanecem nas unidades, realizando apenas trabalhos
administrativos. O ex-secretário de Defesa Social Antonio de Pádua e o
ex-comandante da PM Vanildo Maranhão deixaram os cargos.
Durante o ataque, a vereadora do Recife Liana Cirne (PT) foi agredida
com spray de pimenta e várias pessoas foram atingidas por balas de borracha.
Além disso, policiais foram filmados atirando em quem tentava socorrer os feridos
e contra prédios da Rua da Aurora.
O sargento do Batalhão de Choque teve que entregar o armamento e a
carteira funcional da Polícia Militar e aguarda a conclusão do inquérito da
Polícia Civil, bem como dos procedimentos administrativos da Corregedoria da
SDS. São, ao todo, nove procedimentos na secretaria.
Entre os 16 policiais afastados após a ação truculenta da PM para
reprimir o ato estão três oficiais: o tenente Tiago Carvalho da Silva e o
capitão Élton Máximo de Macedo, ambos do Batalhão de Choque, e o major Gilson
Monteiro da Silva, do 13° Batalhão.
O governo afastou, ainda, os policiais militares envolvidos na agressão
à vereadora Liana Cirne com spray de pimenta: o sargento Ronaldo Santos de Lima
e os soldados Paulo Henrique Ferreira Dias, Aberlryton José Mendes de Aguiar e
Lucas França da Silva.
O que diz a SDS - Por meio de nota, a SDS confirmou que 16
policiais, sendo três oficiais e 13 praças, estão afastados de suas funções
operacionais enquanto respondem a processos disciplinares e que, em um dos
casos, houve afastamento cautelar, com recolhimento de armamento e carteira
funcional.
De acordo com a SDS, somente com o avançar das investigações, será
possível elucidar a atuação de cada policial em relação aos fatos ocorridos
naquela ocasião.
A SDS informou, ainda, que as identidades desses policiais não estão
sendo divulgadas ou confirmadas em cumprimento à Lei de Abuso de Autoridade.
Quem deu a ordem - A ordem para dispersar manifestantes foi
dada pelo Comando Geral da Polícia Militar, de acordo com um documento de
comunicação interna da PM, publicado em um site do governo do estado.
O secretário de Defesa Social de Pernambuco, Humberto Freire,
justificou que a ação de dispersão pode ocorrer em determinados casos, de
acordo com um "critério emergencial".
Há nove investigações em curso na Corregedoria-Geral da SDS. Entre os
problemas investigados na ação truculenta da corporação, estão desvio de
conduta, uso irregular de balas de borracha e legalidade de atuação da PM.
De acordo com a SDS, os trabalhos "estão sendo conduzidos com
dedicação, técnica, isenção e dentro da legalidade para, no menor tempo
possível, elucidar os fatos ocorridos e responsabilizar policiais que
porventura tenham cometido infração disciplinar".
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