ELE ESTARIA SOZINHO
A família do empresário Matheus de Oliveira, que morreu após ser
atingido três vezes por armas de choque durante uma abordagem da Polícia
Militar de São Paulo, contesta a força utilizada pelos envolvidos na ação, já
que o homem estaria sozinho, dominado e desarmado.
"Eu acho que foi desnecessário, porque se o carro parou ele não ia
ter como fugir mais para canto nenhum. Não tinha necessidade", disse a
esposa do empresário, que não se identificou por questões de segurança.
No entanto, os policiais militares alegaram que Matheus dirigia
embriagado e teria resistido à prisão. Ele não teria acatado às várias ordens
de parada e, depois da batida, quando foi cercado, saiu descontrolado do
veículo e atacou os PMs.
Na delegacia onde a ocorrência foi registrada, os militares contaram
que, primeiro, um policial tentou algemar o empresário, mas não conseguiu.
Então, outro PM fez um disparo de taser. Na sequência, um terceiro policial
também acionou a arma de choque. Por último, mais um policial militar usou o
taser em Matheus, que desmaiou. Socorrido, ele morreu de parada cardíaca no
hospital. Agora, um laudo deve revelar o que provocou a parada no coração do
empresário.
Imagens mostram parte da
abordagem - Imagens de um
circuito de segurança mostram uma viatura da PM parada no meio da rua para
bloquear a passagem do empresário que era perseguido. O homem tenta desviar e
bate o veículo no muro. Logo depois, chegam mais oito viaturas. São pelo menos
17 policiais militares envolvidos na ocorrência.
Outras gravações obtidas pela polícia mostram também que um dos vidros
blindados do carro estava quebrado. Os PMs teriam retirado Matheus à força do
carro. Para os familiares, é um indicativo que ele teria sido dominado antes
dos disparos de choque.
Visita misteriosa - Um detalhe chama a atenção na investigação
sobre o caso: parentes da vítima contaram que, 2h antes da morte de Matheus,
uma viatura da PM foi até a casa do empresário. Mas, os policiais ficaram do lado
de fora e não chamaram pelo empresário — que havia acabado de chegar em casa
sob efeito de drogas.
"Colocaram as luzes na janela pra ver tudo. Não chamaram, não
fizeram nada. Eles simplesmente saíram. Depois de um tempinho, o Matheus saiu e
não voltou mais,", contou a mulher do empresário.
O que diz a Polícia Militar - Em nota, a Polícia Militar disse que adota
técnica de menor potencial ofensivo com o objetivo de preservar vidas. Segundo
a corporação, nos últimos dois anos, em 97% das ocorrências com armas de
choque, o agressor foi contido sem morte.
Os policiais militares que participaram da ocorrência têm um prazo de
48h para apresentar as suas defesas.
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