A ocorrência foi registrada na última sexta-feira - Vítima
contou que não tentou agredir os policiais
Uma nova versão sobre o que aconteceu na Praça da Gentilândia e
arredores na última sexta-feira (27) veio à tona nesta quarta-feira (1º). O
homem baleado por policiais militares que participaram da abordagem realizada
com intuito de dispersar aglomeração contou o que viveu naquela noite.
Populares chegaram a filmar as agressões sofridas pelo universitário, que terá
sua identidade preservada.
Nas imagens, uma composição da Polícia Militar do Ceará é flagrada abordando o
homem de forma aparentemente hostil. Ele tem o rosto atingido por spray de
pimenta, é colocado no chão e cercado pelos agentes enquanto testemunhas
observam as cenas.
A denúncia contra os militares foi formalizada diante à Controladoria
Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário
(CGD). Por nota, a CGD afirmou ter instaurado procedimento disciplinar para
devida apuração dos fatos na seara administrativa, estando este, atualmente, em
trâmite.
O QUE ACONTECEU NAQUELA NOITE - Conforme informado pela Polícia Militar, o
universitário fazia parte de um grupo que se opôs às orientações dos PMs e
teria desatacado os servidores. "Um dos integrantes do grupo teria tentado
agredir a composição com uma garrafa. Para fazer cessar a injusta agressão, foi
efetuado um disparo de munição de impacto controlado contra os pés do
indivíduo. O homem foi detido e levado a uma unidade hospitalar para receber
atendimento médico", disse a Corporação.
O estudante conta que em nenhum momento tentou agredir a composição e
ressalta que as imagens comprovam que ele não tinha em suas mãos garrafa ou
qualquer pedaço de vidro para atingir os policiais. De acordo com a vítima, ele
estava na Praça na companhia de um grupo de amigos à espera de uma pizza para jantarem.
Foi quando escutaram um primeiro disparo e viram pessoas correndo.
Atiraram no meu pé e eu caí perto do poste. Comecei a gritar muito
alto. Meu pé sangrava e eu fui algemado. Me jogaram na viatura e outro rapaz
que tentava gravar tudo foi colocado na viatura também"
O universitário afirma que desde aquele momento só voltou a abrir os olhos quando
já estava no Instituto Doutor José Frota (IJF). "Eu pedi uma cadeira de
rodas no hospital e os policiais ficaram dizendo aos enfermeiros que não
precisava. Depois fui levado para a delegacia. Lá os PMs acharam que eu ia
ficar preso, mas não. No 34º DP foi a primeira vez naquela noite que eu me senti
seguro e fui bem atendido".
A PM confirma a parte que dois homens foram conduzidos ao 34º Distrito
Policial. Segundo a Polícia, eles foram autuados por desacato na Delegacia. O
estudante se diz ainda perplexo com o que aconteceu naquela noite. Para ele,
não faz sentido uma saída junto com os amigos ter terminado em um "ato da
Polícia rondando a mesa e nos mandando ir embora". Até o momento não há
informações se os militares envolvidos na ocorrência foram afastados das suas
funções.
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