segunda-feira, 30 de maio de 2022

Homicídios e ameaças de facções assustam moradores e comerciantes de cidades do Vale do Jaguaribe

Moradores de Quixadá e Morada Nova relatam que nestes municípios impera o medo

A população se diz amedrontada e busca as autoridades

A guerra pelo domínio de território protagonizada por facções criminosas vem impactando a rotina de trabalho de comerciantes no Interior do Ceará, de uma nova forma, e fazendo mais vítimas. Criminosos determinam quem pode abrir as portas e atender a população nas cidades do Vale do Jaguaribe.
Em troca do funcionamento dos pontos comerciais exigem, por vezes, mensalidades ou até mesmo que se aliem aos seus interesses, comercializando apenas o que eles autorizam. A prática já noticiada há um ano em Fortaleza e Região Metropolitana, agora toma conta das cidades na região sul do Estado.
Moradores de Quixadá e Morada Nova relatam que nestes municípios impera o medo. Aos que não obedecem, são feitas ameaças que, muitas vezes, têm como desfecho tragédias.
"Há dois meses eles tomam o nosso ganha pão, passam recolhendo as máquinas e  dizem que quem quiser trabalhar para eles, que trabalhe. Mas ninguém quer trabalhar para o crime, entendemos que de certa forma está interligado", relata uma morada, de identidade preservada.
Outro popular conta que na última semana, as ameaças se intensificaram: "disseram que dentro de Quixadá vão fechar todas as bancas de jogos bet, porque só vai poder a deles. Começaram a ameaçar comerciantes de outras áreas. Cobram cinco mil, dez mil em troca deles ficarem com as portas abertas".
"Está um caos. É ameaça todos os dias. Vivemos a sombra do medo".

MORADOR DE QUIXADÁ - Um policial militar que atua nos municípios citados confirma a existência do problema. O agente, que optou por não ter nome divulgado, destaca a necessidade das vítimas prestarem queixa oficialmente às autoridades, para que as medidas cabíveis sejam tomadas.
"A situação é verdade, mas não chegou ao nosso conhecimento um fato específico tão gritante. Não digo que as ameaças não existem, mas precisamos saber que os criminosos se aproveitam do momento de fragilidade da sociedade para replicar o que eles querem", disse o oficial.

GUERRA TRAVADA RESULTA EM MORTES - Conforme dados da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), de janeiro a abril de 2022, houve 52 mortes violentas e 66 armas de fogo apreendidas, na área que abrange as cidades de Senador Pompeu, Pedra Branca, Milhã, Dep. Irapuan Pinheiro, Solonópole, Ibicuiting, Morada Nova, Quixadá, Choró e Ibaretama.
Ainda no início deste ano, três homens morreram devido a um confronto com policiais do Comando Tático Rural (Cotar). Eles teriam reagido a uma abordagem em Uiraponga, distrito de Morava Nova. Todos eles chegaram a ser apontados como principais suspeitos de uma 'onda de assalto' no distrito.
Em abril, uma tragédia na mesma localidade. Pai e filho foram assassinados a tiros. Conforme a PM, as vítimas estavam em uma residência no distrito de Uiraponga, zona rural, e foram surpreendidos por criminosos armados. Pai e filho foram identificados apenas como 'Tenório' e 'Caíque'.
A Secretaria reforçou que as forças de segurança do Ceará têm focado em ações estratégicas voltadas para a identificação e captura de chefes de grupos criminosos.

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