Wryel Carlos dos Santos, 28 anos, sofreu chutes no rosto. Um deles atingiu um olho e o jovem corre o risco de perder a visão - A Polícia Civil informou, em nota, que investiga o caso
Um jovem negro denuncia
que foi vítima de racismo ao ser agredido por homens brancos durante a
comemoração do primeiro jogo da seleção brasileira na Copa do Mundo na última
quinta-feira (24) no Bairro Cidade 2000, em Fortaleza. Wryel Carlos dos Santos, 28 anos, sofreu chutes no rosto. Um deles
atingiu um olho e o jovem corre o risco de perder a visão. Ele também sofreu pisadas na cabeça. A confusão aconteceu na casa de
colegas da mulher dele.
Em nota, a Polícia Civil informou que investiga o caso como lesão corporal
dolosa e que um boletim de ocorrência denunciando o crime foi registrado no 5º
Distrito Policial (15º DP), delegacia que apura as circunstâncias do caso.
Wryel é artista plástico e estava trabalhando no momento do jogo do Brasil,
que enfrentava a Sérvia pela fase de grupos da competição mundial. A mulher
dele, por sua vez, assistia ao jogo com um grupo de pessoas e convidou o marido
para ir ao encontro deles depois que ele encerrasse o trabalho.
Wryel relatou que foi ao local onde a mulher e o grupo estava e que, já de
imediato, foi recebido com hostilidade por outras pessoas que assistiam ao jogo
pela forma como ele estava vestido. Como voltava do trabalho, ele estava com as
roupas sujas de tinta, vestindo bermuda e tênis.
Segundo Wryel, as piadas eram proferidas por dois homens brancos, mas outras
pessoas da mesma família também o hostilizavam.
A confusão - A confusão começou quando
ele comentou com uma pessoa que o hostilizava que ele estava se sentindo mal
com a situação.
"Eu tinha acabado de chegar lá, não tinha ingerido nenhum tipo de bebida
alcóolica, eu estava trabalhando em altura, e a gente foi lá. A minha esposa
gosta da minha caipirinha, pediu pra eu fazer uma para ela com a bebida que ela
tinha comprado e eu senti que na hora que eu fui fazer, me olharam da cabeça
aos pés, tomaram o copo de drink da minha mão, não me deixaram fazer. Tiraram a
bebida que ela comprou, como coisa do tipo: 'ah, aqui o barman sou eu' [...]
tentei conversar mas as pessoas olhavam para mim e não me respondiam".
Wryel também relatou que quando disse ao agressor que não queria briga, a
situação piorou e ele se distanciou.
"Dado o momento que aconteceu esse fato de eu falar com a pessoa:
'você tá muito agressivo', foi aí que começaram as ameaças, um confronto de tipo:
'ah, você sabe quem eu sou'. E eu sempre: 'não, eu não sei quem você é e eu não
quero confusão. Quero que a gente curta aqui de boa porque não tem necessidade
de agressividade'. Foi aí que começou a confusão".
Tentativa de ir embora - Constrangido com a
situação, Wryel convidou a mulher para ir embora, mas eles tiveram dificuldade
para conseguir um carro por aplicativo. Foi logo quando as agressões físicas
começaram a acontecer.
"Ele tentou me agredir, saiu da porta da casa de onde um rapaz estava
segurando ele, algumas pessoas seguraram o rapaz que estava tentando apartar a
briga para iniciar uma briga. E foi no momento que ele saiu e deu um tapa no
meu rosto. Quando veio depois, ele tentou dar um soco em mim e eu consegui
imobilizar ele. Não revidei o tapa e me afastei. Quando ele veio de novo tentar
me dar um soco, eu imobilizei ele. No momento em que eu imobilizei ele, me
empurraram e eu fiquei com os dois braços presos. Foi no momento em que veio
uma pessoa por trás e deu um chute no meu rosto".
Pedidos de ajuda - O artista plástico
contou, ainda, que quando já estava no chão, pediu ajuda porque não queria
revidar as agressões. Contudo, foi brutalmente agredido na face.
Wryel foi socorrido após as agressões para o Hospital Instituto Doutor José
Frota (IJF), no Centro de Fortaleza, onde recebeu atendimento médico e passou
uma noite internado. No dia seguinte, recebeu alta médica e agora passa por consultas
com oftalmologista em razão dos ferimentos em um olho.
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