Servidor divulgou vídeos nas redes sociais fazendo acusações sem provas e defendendo uso de medicamentos ineficazes no tratamento da Covid-19
A Controladoria Geral
de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública do Ceará (CGD) suspendeu por 80
dias o delegado de Polícia Civil João
Henrique da Silva Neto, lotado em Fortaleza. O afastamento decorre de um
processo administrativo disciplinar instaurado em 2020 no qual o servidor é
acusado de usar as redes sociais para atacar autoridades públicas e defender
protocolos comprovadamente ineficazes no tratamento da Covid-19.
Na decisão, publicada no dia 23 de fevereiro no Diário Oficial do Estado (DOE),
a CDG aponta que o delegado usou trajes operacionais e a estrutura da Polícia
Civil do Ceará para gravar vídeos com teor político-partidário. Os conteúdos
foram divulgados em maio de 2020, após o início da pandemia. Sem provas, o
servidor indicou que a Prefeitura de Fortaleza teria comprado respiradores com
preços superfaturados. Em outra
publicação, o delegado disse que o Ceará estava sendo comandado por um "grupo criminoso" e criticou os
secretários de Saúde de Fortaleza e do Estado pela não adoção do
"tratamento precoce" da Covid-19 na rede pública. O tratamento seria
baseado no uso de medicamentos como hidroxicloroquina, azitromicina e ivermectina.
A utilização dos fármacos foi estimulada pelo então presidente Jair Bolsonaro
(PL), a quem João Henrique manifesta apoio público nas redes sociais.
A suspensão foi baseada no descumprimento do dever funcional previsto no
estatuto da Polícia Civil do Ceará. De acordo com o despacho, houve
transgressão aos princípios da urbanidade e discrição, lealdade à instituição,
dignidade da função policial e respeito à hierarquia. Da decisão, cabe recurso.
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